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POLÊMICA

Container em praça no Nova Mogilar provoca divergências entre moradores

Moradores se surpreenderam com o compartimento instalado na praça, que vai funcionar como comércio para vendas de comida oriental

Silvia Chimello
24/12/2022 às 17:18.
Atualizado em 26/12/2022 às 09:16

O novo ponto de comércio na praça divide opinião de moradores daquela área do Nova Mogilar (Larissa Rodrigues)

Os moradores dos prédios no entorno da praça Assunção Ramires Eroles, conhecida como praça do Habib's, na Vila Nova Mogilar, se surpreenderam nesta semana quando se depararam com um contêiner que foi instalado no local, sem nenhum aviso prévio. Como não sabiam do que se tratava, alguns pensaram que poderia ser um gerador, outros acreditaram que seria uma base policial, mas foram se informar e descobriram que o compartimento vai funcionar como comércio para vendas de comida oriental.

O projeto, que já está registrado na Prefeitura, divide opinião de moradores daquela área. Uma parte dos moradores diz que é preciso estimular o empreendedorismo e democratizar o uso do espaço. Outros temem que o novo empreendimento possa tirar o sossego do local, por causa do barulho, sujeira e aglomeração de pessoas.

Projeto foi apresentado pelo proprietário (Reprodução)

O proprietário do contêiner é o comerciante Claudio Tadao Tobisawa, que já atua nesse ramo e tem um ponto de venda de comida japonesa no Mercado do Produtor Minor Harada, também no Mogilar.

Ele explica que o projeto está aprovado e legalizado pela Prefeitura, que aprovou um decreto autorizando a abertura de comércio na praça, e diz que vai comercializar comida oriental e sucos naturais.

Local vai comercializar comida japonesa e sucos naturais (Reprodução)

 A gestão fez uma espécie de seleção de pontos e de empreendedores pela Prefeitura e vários locais da cidade vão receber esses comércios, e a praça do Mogilar é um deles.

“Não quero levar transtornos para as famílias que moram ao redor e meu objetivo é só agregar. Não vou vender bebidas alcoólicas e não colocarei som e nem cantores”, garante Tadao, ao comentar as divergências entre os moradores. Segundo ele, as obras já foram iniciadas e o plano é que até final de janeiro esteja tudo pronto para inaugurar.

Favoráveis

A síndica do condomínio Eco Plaza II, Paula Oliveira, disse que é “super a favor do progresso e do incentivo aos empreendedores”. Ela entende que “já passou do tempo de Mogi deixar de ser uma cidade dormitório, para onde vêm as pessoas que trabalham nos grandes centros, para se tornar uma cidade pulsante, que atrai pessoas, negócios e dinheiro”.

Sobre a divergência de opinião a respeito do contêiner, Paula alega que existe a intenção de um grupo de moradores de querer selecionar os frequentadores do espaço. “Na realidade, tem um grupo de moradores dos prédios da praça que sempre se posicionou no sentido de querer controlar e selecionar quem pode frequentar o local, em conduta totalmente autoritária. Eles manifestam abertamente o desejo e a intenção de proibir pessoas de outras cidades e até de outros bairros de frequentar a praça, que é pública. Um absurdo”, diz ela.

Na opinião da síndica, “a praça é um aparelho público, que não pode ficar à mercê de meia dúzia de proprietários do entorno, que só têm demandas individuais e que querem proibir o progresso. O progresso é inevitável”.

Os moradores contrários cogitam a possibilidade de contestar o projeto na Justiça, uma medida criticada pela síndica. “As pessoas são autoritárias, intolerantes, individualistas. Não me surpreende que queiram barrar um projeto que só pode trazer valorização e progresso para uma região, que precisa de boas iniciativas”, argumenta.

O síndico do prédio Eco Plaza 1, Fernando Collalto Toni, morador de um dos condomínios que fica em frente à praça, afirma que aprova a iniciativa. “Sou totalmente a favor do espaço pois, segundo as informações passadas em nosso grupo, as instalações estão totalmente de acordo com a Prefeitura”, explica.  “Os moradores que reclamam são os moradores de sacada, que não sabem de nada o que acontece”, diz.

De acordo com ele, o novo comércio, da forma como foi apresentado, vai “valorizar o local”. Além de não ver “problema algum”, ele afirma que “existem outros assuntos muito mais importantes a serem tratados referente à nossa praça do que um espaço que vai proporcionar um lazer a mais para todos”.

Os outros assuntos mais importantes, segundo Fernando, referem-se a problemas com a falta de segurança, manutenção da praça, uso de drogas no local e os "pais de pets" que não recolhem o cocô de seus cães.

Contrários

Um dos moradores do condomínio residencial Edifício Cayman que questiona o projeto é o advogado João Fernando Ribeiro. Ele alega que não se trata de ser contra nem a favor, mas observa que a questão é que existem os dois lados. “Por um lado, vai ser uma coisa - comentei com minha esposa - que eu devo até frequentar. Por outro, pode ser que atraia outros tipos de pessoas aqui que não são o perfil da praça. A gente tem um perfil de moradores da região e as pessoas vão à praça para se exercitar, um pessoal mais educado, digamos assim, e de repente você monta o comércio e não pode limitar quem será a pessoa que vai frequentar. A gente tem receio”.

Além disso, ele entende que se trata de uma concorrência desleal. “Tem muitos comerciantes ao redor que pagam aluguel e o proprietário do contêiner vai ser beneficiado porque não vai pagar. Imagine se ali na praça começar a surgir outros comércios que acabam incomodando, então a gente tem que pensar por esse lado também".

Ele disse que um grupo de advogados do prédio tem o mesmo posicionamento e que eles vão analisar toda a documentação com detalhes e se aprofundar para ver se existe legalidade.  “Vamos analisar com cautela essa lei, verificar a legalidade e, se for o caso, a gente vai contestar isso judicialmente ou administrativamente”.

João Fernando espera que os moradores ampliem o debate sobre o tema e que todos avaliem se vai ou não ser benéfico para a maioria, porque também “não adianta a gente pensar só na gente, tem que pensar na coletividade”. Mesmo assim, ele insiste que o empresário "não vai pagar aluguel, vai estar numa praça que é pública e pode abrir precedentes. Imagine se tiver mais ambulantes ali?", questiona.

O posicionamento de um outro morador, que se identifcou apenas como Alfredo, é mais enfático: “Acho que essa praça não deveria ter atividades comerciais. Pode atrair pessoas indevidas e não temos policiamento devido. Tempos atrás, já houve bagunça, bebidas, gritarias, que tiravam o sossego dos moradores. Hoje, eventualmente, temos viatura que faze ronda, mas a praça está bem tranquila. Após a meia noite não se vê ninguém, nenhuma alma. Queremos manter essa paz e sossego”.

A reportagem pretende ouvir a gestão municipal sobre os decretos e registros do projeto. Isso só poderá ser feito na próxima segunda-feira, porque a Prefeitura não tem plantão aos finais de semana e avisa que só atende casos de emergência.

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