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ESTADO DE SAÚDE

Ciclista atropelado em Mogi tem a perna amputada

Amputação da perna direita de Alessandro Palazzi gera revolta entre ciclistas, que organizam um "BicicleATO" para o dia 4 de julho, na Avenida Cívica

Heitor Herruso
25/06/2021 às 09:58.
Atualizado em 25/06/2021 às 18:15

Alessandro Palazzi foi atropelado por um carro no dia 6, na avenida Yoshiteru Onishi, no Mogilar (Arquivo pessoal)

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ESTADO DE SAÚDE

Ciclista atropelado em Mogi tem a perna amputada

Amputação da perna direita de Alessandro Palazzi gera revolta entre ciclistas, que organizam um "BicicleATO" para o dia 4 de julho, na Avenida Cívica

Heitor Herruso
25/06/2021 às 09:58.
Atualizado em 25/06/2021 às 18:15

Alessandro Palazzi foi atropelado por um carro no dia 6, na avenida Yoshiteru Onishi, no Mogilar (Arquivo pessoal)

Além de diversas faturas e complicações na coluna e no crânio, após ser atropelado por um carro no início do mês, na Avenida Yoshiteru Onishi, no Mogilar, em Mogi das Cruzes, o ciclista Alessandro Palazzi, de 40 anos, teve uma das pernas amputada nesta quinta-feira (24). Ele, que estava internado desde o dia 6 no Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo agora está no Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, na capital paulista.

Essa atualização do estado de saúde de Alessandro motivou diversos grupos de ciclistas da cidade a organizarem um “BicicleATO” para “para pedir justiça ao colega Alessandro, que foi atropelado por um carro mesmo estando parado próximo a calçada, no início de junho”. Causa revolta o fato de que o motorista fugiu do local, sem prestar socorro.

O movimento está marcado para o dia 4 de julho, domingo, a partir das 9 horas, na Avenida Cívica. Devem participar ciclistas de toda a cidade e também de outros municípios do Estado.

(Reprodução - Facebook)

Segundo a organização do evento, o prefeito Caio Cunha (PODE) marcou para as 17 horas desta sexta-feira (25) uma reunião com os representantes dos coletivos de ciclistas de Mogi, com a presença da Secretária de Transportes Cristiane Ayres.

Em nota, a Prefeitura informou que está prevista uma reunião na tarde desta sexta-feira (25) entre técnicos da Secretaria Municipal de Transportes e representantes da Câmara Municipal e dos grupos de ciclistas de Mogi das Cruzes. "O objetivo é discutir aspectos técnicos de projetos elaborados pela Prefeitura a serem implantados para oferecer mais segurança viária aos ciclistas e melhores condições de circulação para eles. A princípio, ainda não está prevista a participação do prefeito Caio Cunha no encontro de hoje. Contudo, esta reunião faz parte de uma série de encontros com os representantes deste segmento - o diálogo é constante", informou a Administração. 
 

Perna amputada

A informação sobre a amputação é confirmada pelo pai da vítima, Nilson de Souza, 66, que já havia atualizado o estado de saúde do filho a O Diário no último dia 12. Já a transferência para uma nova unidade de saúde é motivada pelo tratamento da fratura na coluna, com a colocação de uma haste e pinos.

Nilson divulga os detalhes pois faz questão “que as pessoas escutem um pai desesperado”. “Porque hoje sou eu, mas amanhã pode ser outro. E não quero isso”, lamenta.

De acordo com o relato dele, uma médica vascular o informou, na manhã desta quarta-feira (23), que, após ser esmagada, a perna direita de Alessandro teria de ser amputada “por estar muito infeccionada” e “para evitar que a infecção passasse para outras partes do corpo”.

O ciclista e vendedor, já acordado, conversou com o pai a respeito. “Ele aceitou. Disse ‘Agora vou ter que usar uma prótese, mas tudo bem. Não vou desistir de pedalar. Vou insistir, vou demorar um pouquinho para entrar em forma, mas vou continuar’”, conta Nilson, emocionado.

Juntos, pai e filho assistiram vídeos de vários ciclistas que também não desistiram. “Pessoas que perderam a perna, o braço... E eu falei a ele: ‘maravilha. O negócio é não desistir nunca, independentemente da condição que esteja”.

Revolta

Foto que circula nas redes sociais mostra como ficou a bicicleta de Alessandro, que pedalava perto de casa, no Mogilar (Reprodução - Facebook)

Embora reconheça a importância do documento, o pai de Alessandro lamenta a possibilidade de engavetamento do assunto. “Por mais que o manifesto tenha sido entregue à prefeitura, por mais que um ou outro fale palavras bonitas, não vai resultar em nada. Os coletivos fizeram um papel muito bonito, ótimo, buscando segurança para todos nós, tanto pedestres como ciclistas. Mas infelizmente são coisas que caem no esquecimento, até o momento que se atropela outra pessoa. E a gente costuma parar por aqui, no meio do caminho. São vários ciclistas e pedestres que são atropelados e não acontece nada com o motorista”.

No entanto, de acordo com o presidente do coletivo BiciMogi, Jair Pedrosa, a luta não vai cessar. “Já estávamos programando uma reunião do Maio Amarelo com a prefeitura, aí aconteceu esse incidente, entregamos a carta para a Secretaria de Transporte, depois teve a audiência e agora vamos fazer esse ‘BicicleATO’, mas não pretendemos parar por aí não. A gente tem sempre que levantar essa questão da segurança das nossas vias, até alcançar um tipo de trânsito mais saudável na cidade”.

Nas redes sociais, outro defensor desta causa, Paulo Pinhal, se manifestou nesta sexta (25). “A falta de uma política de conscientização sobre a coexistência entre as mobilidades (transportes coletivos, automóveis, bicicletas e pedestres), faz com que o desrespeito gere traumas entre todos nós que usamos a cidade. [...] Quantos "Alessandros" teremos para que se faça valer o que está no Plano de Mobilidade e a implantação de um Sistema Cicloviário que funcione na cidade, além de Campanha de conscientização de todos sobre este modal?”, questiona ele.

A defesa

Na última atualização sobre o caso, a reportagem de O Diário deu voz ao advogado Juliano Melo Duarte, que representa o motorista Henrique Lisboa Reis, suspeito de dirigir o veículo que atropelou o ciclista.

Na ocasião, Duarte disse que a versão do cliente dele é de que trafegava pela avenida Yoshiteru Onishi na manhã do domingo, quando foi surpreendido pelo ciclista, que não estava na ciclovia existente no local, e não teve tempo de desviar.

O advogado também mostrou que a família de seu cliente tem prestado apoio aos familiares do ciclista e acompanhado o quadro de saúde dele, e que “Henrique  se apresentou espontaneamente na delegacia e prestou todos os esclarecimentos”.

Procurado pela reportagem nesta sexta-feira (25), Duarte informou que “até o presente momento não há novidades”.

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