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Caminho para o mar, Mogi-Bertioga tem motivos e desafios pela frente

Inauguração da estrada completou 40 anos neste sábado (13), e quatro usuários e lideranças falam sobre os prós e contras do acesso construído para levar o mogiano até a praia

Eliane José
15/05/2022 às 14:45.
Atualizado em 15/05/2022 às 14:47

(Arquivo O Diário)

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Caminho para o mar, Mogi-Bertioga tem motivos e desafios pela frente

Inauguração da estrada completou 40 anos neste sábado (13), e quatro usuários e lideranças falam sobre os prós e contras do acesso construído para levar o mogiano até a praia

Eliane José
15/05/2022 às 14:45.
Atualizado em 15/05/2022 às 14:47

(Arquivo O Diário)

Em 13 de maio de 1982, a Prefeitura de Mogi das Cruzes inaugurava um daqueles projetos impensáveis para os dias de hoje: a construção da rodovia Mogi-Bertioga (SP-98 - Rodovia Dom Paulo Rolim Loureiro), que após a entrega aos mogianos, que seriam os primeiros e principais beneficiados, foi assumida pelo Governo do Estado de São Paulo e passou a integrar a malha rodoviária estadual.

O acesso completou 40 anos. O Diário ouviu quatro usuários mogianos da rota para a praia - Eduardo dos Santos, Iduigues Ferreira Martins, Paulo Pinhal e Valterli Martinez, sobre o que significou essa obra viária para a cidade e também para Bertioga, e os desafios do traçado que enfrenta problemas como a alta demanda de veículos aos finais de semana, feriados e férias, tornando o trajeto, que é possível de ser cumprido em 50, 40 minutos, em uma longa viagem de três, quatro ou até cinco horas. Confira:

 Paisagem belíssima

(Arquivo O Diário)

Morador em César de Souza que possui casa de veraneio na praia de Maitinga, Eduardo dos Santos, e a mulher, Dora, ambos responsáveis pelo site Igreja na Mídia, utilizam a Mogi-Bertioga nos dias de semana. Normalmente, levam uma hora, do portão da casa onde moram até a residência de praia. Para Eduardo, a proximidade de Mogi das Cruzes ao litoral é trunfo da obra que completa 40 anos.

No dia da inauguração, ele e Dora estavam em um dos ônibus que realizaram as primeiras viagens pelo traço aberto pela Prefeitura de Mogi, em obra coordenada pelo engenheiro Jamil Hallage. A família foi na inauguração a convite do ex-vereador Taubaté Guimarães. Essas e outras lembranças são resgatadas. “Essa proximidade com a praia facilitou muito a vida dos mogianos”, diz ele, acrescentando que os melhores dias para cruzar a Serra do Mar estão situados entre a terça e a quinta-feira.
A Mogi-Bertioga, diz, acelerou o crescimento de Bertioga que hoje, está em alta, por causa de obras como a iluminação da orla. “O turismo está atraíndo muitas pessoas para a cidade”.

Para Eduardo, a rodovia Mogi-Bertioga tem  predicado único: “Nos meses que os manacás da serra estão abertos, a estrada é linda, é um prazer passar por ela”, destaca. Para ele, a duplicação é sonho distante, “até porque, na minha opinião, ela não tem atrativo financeiro para um concessionário receber os investimentos feitos ali, ao longo dos anos. Seria um invesitmento a longo prazo, não sei se há mercado para isso”, opina. 

 Legado econômico

(Arquivo O Diário)

Mineiro que aos 21 anos trabalhava na antiga Companhia Suzano, o vereador Iduigues Ferreira Martins afirma que a Mogi-Bertioga, que traz nome da cidade, desempenha papel no cenário de mobilidade estadual e projetou o nome de Mogi das Cruzes.

“Ela trouxe o progresso para a região de Biritiba Ussu e Vila Moraes, onde você nota a chegada dos postos de gasolina, a venda de produtos rurais, restaurantes, lanchonetes e lojas de móveis. Passe com tranquilidade e você verá os comércios abertos”, comenta. “Muitas pessoas conheceram a cidade por causa da Mogi-Bertioga, para aqui vieram. Essa estrada trouxe visibilidade para a cidade”.

Por outro lado, ele destaca dores, como os acidentes fatais que, ao longo dos 40 anos, tiraram a vida de centenas de pessoas. Já a mobilidade de bairros, nos períodos de temporada, é impactada pelos congestionamentos.

Para o político, no entanto, o legado é positivo. “Tivemos muitas divergências políticas, mas o Waldemar era muito bem relacionado com governadores, como o (Paulo) Maluf, o que possibilitou tocar uma obra tão cara como essa. Foi uma obra difícil, em um trecho de Serra, e ele apostou e deu um caminho para a praia aos mogianos”.

Iduigues aponta a duplicação como  garantia de segurança, mas, admite ser esse um plano que exigiria habilidade do Governo do Estado e disposição política. “O Estado já duplicou estradas como a Tamoios, tem dinheiro e condições para fazer isso, mas depende de força política e de decisão: por que investir em Mogi e não em outra região com outro prestígio, essa é a questão”.

 Força de político

(Arquivo O Diário)

O arquiteto, urbanista e professor Paulo Pinhal, assume que a construção da rodovia prova os resultados da decisão e projeto político do prefeito Waldemar Costa Filho (1923-2001). “A Mogi Bertioga é a prova de obsessão de uma pessoa. O Waldemar Costa Filho, então prefeito de Mogi, ouviu os desejos dos mogianos que conseguiam ver o mar e não tinham acesso. Esta ligação sempre aparecia em promessas de campanhas eleitorais de vários candidatos. Com recursos da cidade o prefeito Waldemar em gesto de coragem investiu na estrada”.

Com a inauguração da estrada em 1982, o resultado imediato foi o crescimento do então distrito de Santos, Bertioga, “por conta dos aumentos da população, turistas e da economia local, o lugar foi emancipado em 1991”.

A estrada passaria a ser usada por milhares de pessoas, especialmente os moradores da região leste de São Paulo. Isso porque, “além da curta distância ao litoral, também é livre de pedágios”.

“O excesso de veículos em período de férias e feriados faz com que a estrada quarentona acabe ficando congestionada”, diz ele.
Para Paulo Pinhal, os pontos positivos dessa trajetória começam pelo fato de Mogi das Cruzes “ter o litoral perto de nossa cidade. Litoral este, ainda com qualidade de vida”.

Já como ponto negativo, ela aponta a falta de investimento para melhorar a segurança e fluidez do trânsito em qualquer época do ano.

 Memórias de mogiano

(Arquivo O Diário)

Para o comerciante Valterli Martinez, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Mogi das Cruzes, afirmou que o principal balanço nessas quatro décadas de utilização do acesso foi a facilidade do acesso dos mogianos e moradores do Alto Tietê ao litoral, e o crescimento econômico. “O comércio foi fortalecido”. 

Ele entende do que diz: aos 15 anos, no dia da inauguração da Mogi-Bertioga, o pai dele, Valdemar Martinez, o levou para ver a obra. A empresa da família Martinez faz entrega em restaurantes e pousadas do litoral há mais de 30 anos. O pai dele, aliás, levava a comida servida aos trabalhadores da obra tocada pela Prefeitura de Mogi. “Eu tive oportunidade de ir na estrada, quando jovem, antes mesmo da estrada ser aberta”, comentou.

Um dos desafios atuais, crava o comerciante, seria melhorar a estrutura do acesso para atender ao usuário, com operações que minimizassem os congestionamentos. “O ideal seria a duplicação, mas o Estado queria fazer apenas melhorias, e instalar um pedágio, isso nós não concordamos, especialmente porque o projeto não era duplicar a estrada”, disse.

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