O Diário lança uma série de reportagens semanais com os virtuais candidatos a prefeitura de Mogi das Cruzes para 2024, estreando com o atual chefe do Executivo, que nesta reportagem fala sobre seus projetos e sobre política local
Caio Cunha fala sobre seus projetos e sobre política local (Arte: Danilo Scarpa / O Diário)
Faltando quase um ano para as eleições municipais, ainda existem muitas dúvidas sobre os candidatos que estarão na disputa, especialmente com a saída do deputado federal Marco Bertaiolli (PSD) da política para ocupar cargo no Tribunal de Contas do Estado. Um nome, porém, está praticamente definido: o do prefeito Caio Cunha (PODE), que já está trabalhando para sua virtual candidatura à reeleição.
Além de buscar ampliar a sua base eleitoral com apoio de outras legendas, ele aposta em uma pauta positiva de trabalho, explorando as redes sociais, realizando eventos como a programação festiva de aniversário de Mogi e entregando obras e serviços na cidade, para convencer o eleitor mogiano a reconduzi-lo ao cargo a fim de seguir com seu plano de governo para a cidade
Para conseguir a reeleição, no entanto, vai enfrentar alguns embates, já que ele, por estar no mandato, será quase certo o principal alvo de seus adversários. Alguns deles, em pré-campanha virtuais, não têm economizado críticas à sua administração.
Caio disse que “está preparado” para essa disputa e já está usando algumas estratégias para rebater críticas com resultados. No mês passado, por exemplo, ele usou as redes socais para tentar mostrar que a sua gestão “fez mais” pela cidade do que a do governo do seu antecessor, Marcus Melo (Sem Partido), uma forma de buscar neutralizar um dos nomes cotados para entrar na disputa. Em sua publicação, o chefe do Executivo citou o aumento do IPTU durante a administração passada, o que teria sido um dos principais motivos da derrota do ex-prefeito na eleição de 2020.
O problema é que, além de nomes como Marcus Melo, que também já vem com uma bagagem e é conhecido pelos seus quatro anos à frente da Prefeitura, Caio também vai concorrer com o peso de caciques locais que representam o PL e PSD, além do grupo composto por diversos partidos de esquerda, liderado pelo PT, e outros nomes que correm por fora. Ele, por sua vez, além do Podemos, conta até agora com apoio do MDB e do União Brasil.
Caio defende a continuidade do seu plano de governo (Foto: divulgação)
“O vale tudo eleitoral é para quem não vale nada. Já tentaram destruir minha honra com boatos e fake news. Sou o prefeito que mais teve pedidos de cassação e denúncia no MP e TCU. Todas sem fundamento e arquivadas. O ano pré-eleitoral é conhecido como o ano da maldade. Vamos ver o que estão preparando. Estou pronto. Minha resiliência é do tamanho do meu propósito. Como diria Racionais MC: ‘Quem quer guerra terá, quem quer paz vai ter em dobro’”, declara.
Ele está convencido de que tem feito “um bom trabalho” e avalia a sua administração de forma positiva. “Os resultados e dados apontam que estamos no caminho certo. Tomamos decisões responsáveis para colocar a casa em ordem para recuperar o potencial de desenvolvimento de nossa cidade. Consigo afirmar e comprovar que fizemos mais em 2 anos do que os 4 da gestão anterior”, garante. Acrescenta ainda que a principal marca do seu governo “é colocar as pessoas em primeiro lugar”, com ações que começam das periferias para o centro da cidade.
Mais quatro anos à frente da Prefeitura, segundo ele, vão permitir a continuidade do seu projeto de cidade. “Um segundo mandato é necessário para consolidar o processo de mudança que estamos implementamos e também o programa Mogi 500 anos, que planeja a cidade para os próximos 40 anos”.
Articulações
Para tentar garantir a sua permanência no cargo, Caio está articulando apoio e buscando parcerias com outros partidos e grupos políticos. “Temos um projeto de cidade. Mais do que tempo de televisão e sigla partidária, queremos parceiros que somem ao nosso projeto. A porta está aberta para todos aqueles que entenderem isso”, reforça.
Ele não descarta nem mesmo a possibilidade de mudar de legenda, claro, desde que tenha o aval da presidente do Podemos, a deputada federal Renata Abreu. “Os convites de partidos acontecem desde quando assumi a Prefeitura. O Podemos foi o partido que acreditou e apoiou nosso projeto, quando ninguém acreditava nele. Sou leal ao partido e, principalmente, à minha presidente, deputada Renata Abreu. Qualquer possibilidade de mudança, só acontecerá se passar por ela”, declara.
Ele também, já há algum tempo, vem flertando com o PL, em buscar do apoio para a reeleição em 2024, mas os interlocutores do líder do PL, Valdemar Costa Neto, e integrantes do grupo, não acreditam nessa possibilidade.
O prefeito também deixa claro que o PL nunca o convidou para se filiar. “Já ocorreram sugestões de deputados, prefeitos e amigos do partido. Mas nunca algo oficial. Além de ser hoje o maior partido do Brasil, é o mais organizado”, argumenta.
Para poder ter mais liberdade para fechar parcerias, o cargo de vice, ocupado atualmente por Priscila Yamagami (PP), deve ser negociado com outra legenda. Ele afirma, no entanto, que “o principal critério para a figura de um vice é lealdade e alinhamento de propósito. Foi o que definiu a escolha da Priscila em 2020”.
Com a Prefeitura nas mãos, as vantagens são maiores, mas ele entende que estar na “máquina administrativa” concorrendo à reeleição tem seus prós e contras. “As eleições anteriores provaram que estar na máquina não significa certeza de vitória eleitoral”, comenta.
Sobre a experiência de administrar a cidade do porte de Mogi, ele afirma que “é um desafio intenso, mas prazeroso. Há alegria e paz em meio à guerra quando o propósito são as pessoas e a cidade”. Quanto ao feed beck da população, Caio conta que “no início foi bem difícil, as pessoas não conseguiam enxergar a mudança e o que estávamos fazendo. Hoje, as pessoas já começam a reconhecer e perceber os resultados. Graças a Deus, tem sido muito positivo”.
Obras e projetos
Pavimentação de vias é uma das obras de destaques no governo Caio (Foto: divulgação / PMMC)
Os trabalhos e as obras mais importantes destacadas pelo chefe do Executivo, Caio Cunha, são o projeto Vagalume e o Nova Mogi, que ele classifica como “maior programa de recapeamento e pavimentação da história de Mogi”, acrescentando ainda que “são os mais visíveis”.
Caio aponta também o desenvolvimento econômico da cidade, afirmando que o município “bateu recorde” em geração de renda e emprego. “Em dois anos, entregamos quase a mesma quantidade de regularização fundiária que os 14 anos anteriores à nossa gestão. Ainda tem muitas entregas”, informa.
De acordo com o gestor, “o maior desafio para realizar obras na cidade, além da burocracia e das licenças ambientais, é o fato de encontrarmos uma cidade sem um projeto sustentável de médio e longo prazo”, alfineta.
As expectativas para os próximos meses de mandato são otimistas, segundo o prefeito. Ele acredita que nos dois últimos anos “as pessoas começam a perceber visivelmente nosso trabalho, o qual é fruto das decisões acertadas nos dois primeiros anos da nossa gestão”.
Ele segue dizendo que a principal marca do seu governo é colocar as pessoas em primeiro lugar. “Invertemos a lógica e nossas ações começam das periferias para o centro da cidade. As pessoas moram nos bairros”, diz.
Ao avaliar a qualidade de serviços como segurança, saúde e educação, ele alegou que a pandemia desestabilizou diversas áreas. “Os índices de vulnerabilidade e criminalidade aumentaram. O sistema de saúde foi desorganizado, acumulando fila de consultas, exames e cirurgias eletivas. A educação ficou 500 dias sem aulas presenciais. Graças a Deus, estamos recuperando rapidamente com um modelo de gestão feito por evidências e responsabilidade. A melhora é evidente”, enfatiza.
Para ampliar a divulgação dos trabalhos realizados em sua gestão, Caio continua usando as redes sociais, “como instrumento de prestação de contas, interação e participação social”. “Antes, conseguia ficar mais perto da organização e produção das mídias. Agora menos”, revela.
Para administrar a cidade, ele precisa do apoio do Legislativo, onde ainda tem apoio da maioria dos vereadores. “O relacionamento com a Câmara é muito bom. Trabalhamos em parceria e respeito a autonomia entre os poderes”, frisa.
Caio afirma ainda que o seu relacionamento com o Governo do Estado “é ótimo”. Observa que, apesar de pouco tempo desde que o governador Tarcísio de Freitas (REP) assumiu o governo, Mogi recebeu a visita de cinco secretários de Estado, além de ter sido recebido por inúmeras vezes no Palácio dos Bandeirantes. “Gosto do estilo do Tarcísio. Ele é prático e focado no resultado”, elogia.
Os deputados da região, de acordo com o chefe do executivo, são parceiros da cidade e participam com emendas parlamentares e articulações em Brasília. Cita o Podemos e diz que o partido tem ajudado muito, principalmente “abrindo portas” nos governos federal e estadual.
Perfil
Caio Cesar Machado da Cunha nasceu em Mogi das Cruzes, em 1978. Ele assumiu pela primeira vez o cargo de prefeito de Mogi, em 2021, e é um dos mais jovens da história da cidade. Já tinha experiência na política por ter cumprido dois mandatos como vereador.
O atual chefe do Executivo possui formação na área de tecnologia da informação e faz pós-graduação em Gestão de Projetos pela Esalq/USP e mestrado em Cidades Inteligentes e Sustentáveis.
Ele também cursou “Educação na Primeira Infância” e “Combate às Drogas”, como bolsista na Universidade de Zurique.
O político faz parte da Rede de Ação Política de Sustentabilidade (Raps), do Livres, e é líder público da Lemann.
Foi eleito vereador de Mogi das Cruzes pela primeira vez em 2012 e reeleito em 2016 como o parlamentar mais votado da cidade naquele ano.
Em 2020, foi eleito prefeito de Mogi das Cruzes, sendo que 58,39% dos votos válidos foram para Cunha e 41,61% para Marcus Melo, que buscava a reeleição. A disputa em segundo turno não acontecia há duas décadas em Mogi.
No primeiro turno, Caio foi o segundo colocado, com 54.591 votos, o que representava 28,31% do total. Melo havia terminado em primeiro lugar, com 81.555 votos, o correspondente a 42,29% do total.
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