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Aumenta o número de pessoas em situação de rua no Centro de Mogi

Quem passa por alguns pontos da região central de Mogi das Cruzes nas últimas semanas tem percebido a presença de um número maior de moradores em situação de rua, principalmente nas proximidades do Mercado Municipal, Centro Cultural e dos movimentados calçadões das ruas Dr. Deodato Wertheimer e Paulo Frontim. Em duplas ou grupos, incluindo crianças, […]

8 de maio de 2022

Reportagem de: O Diário

Quem passa por alguns pontos da região central de Mogi das Cruzes nas últimas semanas tem percebido a presença de um número maior de moradores em situação de rua, principalmente nas proximidades do Mercado Municipal, Centro Cultural e dos movimentados calçadões das ruas Dr. Deodato Wertheimer e Paulo Frontim. Em duplas ou grupos, incluindo crianças, eles passaram a ser vistos com frequência nesta região da cidade, acompanhados de sacolas e mochilas, aumentando a preocupação com o problema social agravado pela pandemia de Covid-19.

Segundo a secretária municipal de Assistência Social, Celeste Gomes, a população em situação de rua de Mogi das Cruzes é flutuante, formada por pessoas da cidade e também muitas vindas de outros municípios. “Hoje temos 150 acolhidas e 150 propriamente na rua. Ao todo são 300 pesssoas, com variações por conta do trânsito frequente de pessoas em situação de rua que chegam e saem da cidade todos os dias. São 156 vagas no acolhimento e nunca houve superlotação, o que também é um desafio”, explica a secretária. Na última quarta-feira (4), havia a disponibilidade de 20 vagas masculinas e 11 femininas.

Mas como o serviço de acolhimento funciona no sistema portas abertas, há aqueles que permanecem no local, mas muitas vezes, eles deixam o espaço após alguns dias ou semanas. “Como as casas têm regras, alguns não se acostumam, outros são mais violentos, e há aqueles que recusam o acolhimento e outros são recusados no próprio acolhimento, e se os levamos para lá, desestabiliza todo o serviço”, conta a secretária. 

Nesta semana, Celeste se reuniu com representantes da rede municipal de saúde, do serviço de Saúde Mental, Santa Casa e Hospital Municipal, para discutir os casos crônicos de pessoas em situação de rua da cidade que, por conta da dependencia química, principalmente os alcoolizados, acabam se envolvendo em acidentes, seja devido à quedas, atropelamentos ou outros. “Nestes casos, eles vão para as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), por exemplo, e se for preciso internação, esperam uma vaga em hospital. Após o atendimento hospitalar, ocorre a alta social, onde esta pessoa precisa ser acolhida pela Assistência Social. Este é um outro desafio”, revela Celeste.

 

Fome e doenças

A secretária conta que percebe um público mais frágil e debilitado nas ruas, incluindo idosos. “Estamos vivendo a pandemia da fome e esta população acabou migrando para outras cidades, até por uma questão de sobrevivência. Nunca aconteceu de estarmos com um público nesta situação de problemas de saúde. Ofertamos atendimento na rede conveniada e, em muitos casos, conseguimos fazer o intercâmbio com a família. Nestes dias, aconteceu isso com uma pessoa de Feira de Santana. Fizemos o embarque no avião, com apoio da companhia aérea, porque ele não tinha condições de viajar sozinho, e a família fez contato depois da chegada lá”, conta.

A facilidade da malha viária de Mogi e a característica solidária da cidade, segundo Celeste, contribuem para atrair esta população em situação de rua à cidade. “Não que este público tenha necessariamente aumentado, mas é formado por grupos flutuantes que geralmente vêm de São Paulo, passam pela cidade, ficam alguns dias, e depois seguem viagem, principalmente para a região do Vale do Paraíba”, revela.

Em casos de pessoas em situação de rua vindas de outras cidade, o serviço de assistência social fornece apoio para o retorno ao município de origem. “Não podemos tirar estas pessoas à força da cidade, porque elas têm o direito de ir e vir. Então, fazemos um trabalho de conscientização, entramos em contato com a família e oferecemos passagem de volta”, detalha Celeste.

 

Operação Inverno

Com a proximidade do inverno, quando o desafio do acolhimento às pessoas em situação de rua é ainda mais complexo, a Prefeitura prepara o reforço das ações de assistência scoial por meio da Operação Inverno. 
Para isso, foram abertos dois editais de chamamento público a fim de atender a esta demanda, com a criação de mais 30 vagas em casas de passagem e 20 para idosos. 

“De um ano e meio para cá, identificamos que temos muitos idosos nas ruas, porque a população de rua também envelhece, e quando tentamos colocar esta população chamada de idoso rualizado em acolhimento, ele não se adapta e quer sair. Portanto, há necessidade montar um novo serviço  para atender a estas pessoas, que no momento são 12”, adianta Celeste.

 

 

MENDINCÂNCIA
Estudo identifica 60 crianças em Mogi

Um levantamento da Secretaria de Assistência Social de Mogi, realizado em março deste ano, identificou 60 crianças de Mogi em situação de mendicância na cidade, além de 31 de Suzano, 11 de Itaquaquecetuba, 3 de Osasco, 2 de Ferraz de Vasconcelos e 3 de Itaquera.

 

Atendimento conta com abordagens e buscas ativas para identificar risco social

Abordagens e buscas ativas para identificar casos de risco social, como pessoas em situação de rua, fazem parte do trabalho diário de atendimento a este público em vulnerabilidade nas ruas de Mogi das Cruzes.
O serviço é realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social, por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS). 

“Não se trata e nem pode se tratar de um serviço para a retirada compulsória de pessoas das ruas. Trata-se da oferta de atendimento nos espaços públicos e inserção dessas pessoas na política de assistência social e demais políticas públicas, como saúde, justiça, educação, entre outras”, explica a Secretaria Municipal de Assistência Social.
Desta forma, as atividades são planejadas e ocorrem todos os dias da semana, inclusive aos domingos e feriados.

O serviço está diretamente ligado ao Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop), que realiza as ações técnicas e presta serviços essenciais a quem está na rua.

Neste ano, segundo a pasta, a média de pessoas em situação de rua atendidas mensalmente pela assistência neste ano está em mais de 300. 
Além disso, a Prefeitura de  Mogi mantém parceria com oganizações sociais que executam quatro serviços de acolhimento institucional, com oferta de proteção integral à população de rua: a Casa de Passagens Emanuel conta com 36 vagas; a Casa de Passagem Abomoras tem 50; a Casa de Passagem Feminina Dandara oferece 30; e o Abrigo Palmares funciona com 40.

Para entrar em contato com o serviço de abordagem social a pessoas em situação de rua em Mogi das Cruzes basta ligar para o telefone (11) 97096-0923.

 

Orientação é não dar esmolas

O fácil acesso à malha viária e a localização estratégica de Mogi das Cruzes, associados à solidariedade dos mogianos, também tem favorecido o agravamento de outro problema social: a mendicância. Nos principais cruzamentos e semáforos da cidade, é possível ver pessoas ou famílias, inclusive com crianças, pedindo esmolas. Alguns usam placas detalhando a dificuldade financeira para abordagem aos motoristas e pedestres nestes locais.

“O que escutamos muito no caso dos pedintes em semáforos é que, em Mogi, eles conseguem tirar R$ 100,00 por dia. Tem um rapaz de Suzano, que paga o aluguel de R$ 600,00 com o dinheiro que recebe no semáforo de Mogi. Já fizemos o trabalho de abordagem e conscientização com ele, mas ele diz que está desempregado, faz bico durante o dia e precisa do dinheiro do semáforo para pagar o aluguel, o que não consegue em outras cidades. Então, Mogi tem este atrativo de ser uma cidade solidária”, conta a secretária municipal de Assistência Social, Celeste Gomes.

Por isso, a orientação, segundo ela, é que as pessoas não deem esmolas e aconselhem os pedintes a procurem o serviço de assistência social de seu município. “Com a pandemia, esta prática aumentou pela falta de emprego e a mendicância acontece em toda a cidade, inclusive dentro de supermecados, por isso intensificamos as abordagens, principalmente a crianças e adolescentes, que pedem os produtos para depois venderem nos semáforos”, conclui a secretária.

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