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ORGULHO MOGIANO

Abuso policial e fome são temas de jornalistas de Mogi em premiação regional

Retomando o evento regional presencialmente, os trabalhos de conclusão de curso de ex-alunos da UMC concorrem premiação para seguir em etapa nacional

Mariana Acioli
16/05/2022 às 15:08.
Atualizado em 16/05/2022 às 15:08

Os jornalista formados pela Universidade de Mogi das Cruzes, estão representando a cidade na premiação regional da Intercom 2022 (Imagem: Arquivo Pessoal)

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ORGULHO MOGIANO

Abuso policial e fome são temas de jornalistas de Mogi em premiação regional

Retomando o evento regional presencialmente, os trabalhos de conclusão de curso de ex-alunos da UMC concorrem premiação para seguir em etapa nacional

Mariana Acioli
16/05/2022 às 15:08.
Atualizado em 16/05/2022 às 15:08

Os jornalista formados pela Universidade de Mogi das Cruzes, estão representando a cidade na premiação regional da Intercom 2022 (Imagem: Arquivo Pessoal)

A Premiação Intercom, focada em pesquisas na área de comunicação, esse ano conta com representantes mogianos na etapa regional. “No Rastro da Pólvora” e “O Avesso da Fome” foram os dois trabalhos de conclusão de curso da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) que concorrem como finalistas nessa etapa, podendo seguir para premiação nacional ainda no final deste ano.

O evento acontecerá entre os dias 26 e 28 de maio, no sul de Minas Gerais. São esperadas cerca de duas mil pessoas, de acordo com o site oficial do congresso Intercom Sudeste, que participarão das Divisões Temáticas, Intercom Jr., Expocom, oficinas, Publicom, conferências, painéis, mesas-redondas e palestras.

A O Diário, os ex-estudantes, agora jornalistas formados, deram mais detalhes sobre as produções que representarão Mogi das Cruzes na premiação Sudeste da Intercom.

No Rastro da Pólvora

(Imagem: Divulgação)

Com a participação de representantes da comunicação regional e do país, “No Rastro da Pólvora” aborda o tema do abuso de autoridade praticado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), especificamente contra a população carente da Grande São Paulo.

Questionado sobre os desafios da produção, o jornalista Gustavo Henrique Pereira revelou: “Sem dúvida foi a elaboração de um projeto desse porte em um período de pandemia. Como todos os outros grupos, tivemos que nos adaptar na busca por fontes e na edição do conteúdo, que foi feita 100% de forma remota. Todas as entrevistas e reuniões com a equipe foram feitas por videoconferência. Esses desafios nos deixaram ainda mais orgulhosos ao ver o projeto pronto”.

O tema sensível e sério foi desenvolvido no formato de um documentário de rádio, contando com relatos de vítimas que sofreram com algum tipo de violência policial. Além disso, o documentário aborda os reflexos e impactos dessas ações na sociedade, bem como a opinião de especialistas em segurança pública sobre os casos de violência policial no Brasil. 

“Com a ajuda do nosso orientador Wagner Belmonte, conseguimos conversar com dois nomes que são referência no assunto: Bruno Paes Manso e Adilson Paes de Souza. O ponto de vista deles foi fundamental para entendermos o quanto foi importante a escolha do nosso tema e o tamanho do problema que enfrentamos sobre a violência policial”, ressalta Pereira.

Citados como entrevistados para o documentário, Adilson Paes de Souza é doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo IPUSP, mestre em Direitos Humanos pela FDUSP e tenente-coronel da reserva da Polícia Militar São Paulo; e o Bruno Paes Manso é jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP).

O projeto tem a duração de 30 minutos, que foram divididos em dois blocos com 15 minutos cada. Na primeira parte são apresentados os relatos de casos de abuso de autoridade cometidas pela PMESP, bem como relatos das vítimas e relatos de parentes destas. Ainda no primeiro bloco, foram destacados dados sobre os índices de ocorrências de abuso de poder, bem como casos que foram destaques na mídia.

No último bloco, especialistas em segurança falam sobre a temática, abordando as possíveis causas e soluções, para que esse cenário se torne diferente.

Também participaram do documentário como especialistas o jornalista Renan Tetsuo Omura, formado pela Universidade de Mogi das Cruzes, e autor do livro "Caputera: chacinas em Mogi das Cruzes", e o Renan de Lima Franco, advogado criminalista e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogado do Brasil da subsecção de Suzano.

“É um orgulho enorme fazer parte disso, sem dúvidas. Estar num congresso do porte que é a Intercom, com um tema extremamente necessário é de uma alegria imensa. Além da cidade, acreditamos muito que estamos indo lá para representar nossos sonhos, nossas famílias e a todas as vítimas de algum tipo de violência policial”, contou Pereira sobre a participação no prêmio regional.

“No Rastro da Pólvora” foi um trabalho produzido pelos jornalistas Carolina Rocha, Gustavo Henrique Pereira e Victor Fabiano da Silva Orlandes, sob a sob orientação do professor doutor, Wagner Belmonte.

O Avesso da Fome

(Imagem: Divulgação)

Explorando o tema da fome, a produção de web reportagem busca “escancarar a triste realidade de inúmeras famílias brasileiras”, segundo as jornalistas responsáveis pela pesquisa e entrevistas. “O Avesso da Fome” investigou, conta a jornalista Vitória Bertoldo, a partir de especialistas do direito, saúde e sociologia, como os efeitos da fome e insegurança alimentar afetam o país como um todo. Moradores que vivem em situação de miséria e pobreza em Mogi das Cruzes foram entrevistados e compartilharam situações como o uso da carne de gato para matar a fome.

A inspiração para o tema surgiu quando o grupo de três estudantes (hoje jornalistas formadas) começou a observar os efeitos da pandemia na alimentação dos brasileiros.

“A perda de empregos, principalmente do trabalho informal, afetou em muito o estilo de vida das famílias mais pobres. Um salário mínimo não é capaz de sustentar duas pessoas direito na atual inflação, então imagina uma família inteira vivendo com 500 reais, média dos benefícios governamentais, isso quando essas pessoas conseguem sacar esse benefício”, evidenciou Vitória.

O objetivo da produção que em um primeiro momento era abordar a insegurança alimentar, através da apuração, foi sendo ampliado. “Queríamos inicialmente mostrar como a insegurança alimentar estava presente em nossa região, mas descobrimos um buraco muito mais fundo. Se não fosse por entidades religiosas, ONGs e principalmente da ajuda ao próximo, muita gente estaria em situação de fome grave em Mogi das Cruzes”, conta a jornalista que, em entrevista para O Diário, compartilhou um caso de uma pessoa que cozinhou um gato, porque já não tinha mais alimento.

Vitória ainda falou sobre os desafios dessa produção.

“Além de alguns problemas de logística, devido à pandemia, nosso maior desafio foi trabalhar com um tema tão sensível. Muitas vezes ficamos mal porque ouvíamos das fontes que não sabiam como seria o futuro, se haveria comida no dia seguinte. Não era fácil questionar as pessoas assim, “cutucar as feridas”, e sair de lá sem poder ajudar aquelas famílias. Uma vez, quando tentamos falar com um pessoal da rua, chegamos a escutar se daríamos comida em troca da entrevista, e, no final das contas, isso pesa. É difícil pedir para falarem sobre como é passar fome, sem a gente poder garantir uma ajuda efetiva”, explicou.

A reportagem também buscou desvendar, junto das fontes primárias, pessoas que se doaram e mostraram, como é viver em situações como essas. “Infelizmente é mais comum e próximo do que imaginamos”, lamentou.

As principais fontes para esta produção foram as famílias da ocupação denominada, por alguns, como Iluminados, localizado na Vila São Francisco, em Braz Cubas, pessoas em situação de rua de Mogi que recebem as doações de comida do Instituto Sopa e o líder comunitário Fernando Corrêa Godinho, morador de uma ocupação em Jundiapeba.

“O Avesso da Fome”, esclarece a Vitória, não apenas tenta conscientizar sobre as necessidades das pessoas em situação de fome, mas também denunciar “como o governo brasileiro, em suas diferentes escalas, tem negado e fechado os olhos diante de um direito básico de todo cidadão, o da alimentação”.

Os especialistas entrevistados para essa produção foram: Lea Vidigal, mestre e doutoranda em direito econômico na universidade de São Paulo, com foco de pesquisa no direito econômico com relação à soberania alimentar, e professora de direito econômico na Mackenzie.

Também conta com a professora Rosana Salles da Costa da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisadora da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), além da socióloga Pagu Rodrigues, formada pela USP e pós-graduada em poder legislativo relacionado a democracia.

Houve ainda a contribuição do professor Renan Castro, coordenador do Cursinho Maio 68,  voluntários do Instituto SOPA, e Osvaldo de Souza, do Coletivo Inadequados.

Este trabalho foi produzido pelas jornalistas Fernanda Cristina, Maria Carolina Noronha e Vitória Bertoldo, sob orientação da professora e mestra, Simone Leone.

Prêmio Intercom

O Prêmio Intercom de Pesquisa em Comunicação é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação e tem como objetivo valorizar a produção científica na área da Comunicação em todo o Brasil, a partir do reconhecimento da qualidade das pesquisas produzidas, individualmente, pelos cientistas do país.

O evento, nesse ano de 2022, retoma seus encontros regionais, incluindo na programação as sessões de apresentação de trabalhos de pesquisa – nas Divisões Temáticas, em Mesas Coordenadas propostas por Grupos de Pesquisa e no Intercom Júnior, e, também, da mostra de trabalhos experimentais, a Expocom.

A determinação e a disposição da Intercom e da PUC Minas Poços de Caldas (local que receberá o evento) são para que o Regional Sudeste 2022 ocorra de modo presencial, porém, como a situação pandêmica ainda é instável, o modo de realização do congresso ainda pode mudar, passando para o sistema remoto ou híbrido. Mas o formato com apresentação de trabalhos e a programação não serão alterados.

“Nosso compromisso é divulgar 45 dias antes da data do congresso um dia antes do período final de submissão de trabalhos o formato definitivo”, ressaltou em nota o site da premiação.

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