Curso de Audiovisual pode inserir jovens de Mogi na área de produção digital

O mundo do audiovisual se tornou instrumento para colocar em prática a criatividade de 25 jovens moradores do bairro Novo Horizonte, região divisa de Mogi das Cruzes. Através do projeto desenvolvido pela Artes filmes, o curso de Marketing Digital e Geração de Conteúdo teve início neste último dia 16 e irá  entregar aos alunos técnicas de direção de vídeo, filmagem, edição e até criação de roteiro, conhecimentos que poderão ser aplicados não só como hobbies, mas, especialmente, fonte de renda e trabalho.

Para além das lentes e telas, a iniciativa entrou em ação contando com apoios de outras instituições que uniram conhecimento técnico à inclusão social e digital. “A nossa missão é reduzir a desigualdade social com ações transformadoras em bairros de periferias, favelas e comunidades. E  para reduzir a desigualdade social precisamos reduzir a desigualdade digital. Se o mundo é tech a favela precisa ser tech”, afirmou Rodrigo de Souza, fundador e Diretor Executivo na ONG Missão Intensidade, entidade apoiadora do curso.

Somando ao time de apoiadores também estão a Integra Construtora e a TV Diário, que se uniram ao projeto de forma essencial, segundo compartilhou Felipe Palmeira, um dos sócios-proprietários da produtora Artes Filmes e idealizador do curso.

A O Diário, Felipe conta sobre o desejo em passar adiante os conhecimentos da área do audiovisual, como forma de retribuição à sociedade, buscando sempre engajar outras iniciativas sociais por meio da Apae e Instituto Pró + Vida. Para o curso de geração de conteúdo, no entanto, o idealizador buscou junto ao sócio por alguma comunidade com jovens para ser direcionado o projeto, chegando neste ponto, à ajuda externa:

“Fiz um bate-papo com o Renato Cocenza e Lysia Henriques, da TV Diário, e eles me indicaram o Rodrigo, da Missão Intensidade. Então fui até o projeto deles, conhecer de perto, e conversei com os jovens, vendo ali a necessidade. Vi de fato que todo conhecimento, toda a expertise que nós desenvolvemos na Artes Filmes durante esses dez anos, poderiam, sim, contribuir com a vida dessas pessoas”, explicou Felipe. 

Ele reforça a importância da contribuição técnica na formação dos alunos diante de uma sociedade tão digital em que estão inseridos.

O idealizador contou ainda que a procura do curso foi interessante: em três dias, as 25 vagas já haviam sido ocupadas. “Sentimos que as vagas foram preenchidas por pessoas que, de fato, estavam interessadas em consumir conteúdo, em consumir conhecimento. Então, acredito que a expectativa, com toda certeza, foi atendida, em questão de aprendizado e na perspectiva de quem realiza esse tipo de curso”, pontuou. 

Na primeira aula, os alunos puderam participar um bate-papo sobre visão de empreendedorismo, com vivências trocadas, seguido de uma aula com conteúdo mais prático sobre fotografia. Para esta parte, o fotógrafo Guilherme Silva introduziu aos alunos conceitos básicos de iluminação e direção de fotografia, tudo feito com o celular. 

“Tudo isso foi aplicado um pouco em conversa, mas também com os alunos pegando a câmera, aprendendo na prática, vendo a iluminação mudando dentro do estúdio, ou seja, a prática realmente, não é? A primeira aula fez com que a gente só aumentasse a nossa expectativa”, enfatizou Felipe. Para ele, o feedback positivo.

Já na primeira semana os jovens receberam dever de casa para irem explorando os conteúdos aprendidos em sala de aula, ou melhor, no estúdio da Arte Filmes, localizado no Alto do Ipiranga.

“O desafio é que eles tirem foto com celular a partir dessa primeira aula e apresentem na próxima semana, algum resultado com o conceito do que aprenderam.”, explicou.

Com as mãos nos celulares, a criatividade começa a ganhar novos caminhos, agora, com técnica e conhecimento. “Agora envolve muito a questão de atividade, envolve muito o interesse, no que eles querem aprender e também, é claro, a gente vai começar a ver o trabalho sendo feito, ver o que nós estamos ensinando, sendo executado”, comenta.

O curso de Marketing Digital e Geração de Conteúdo irá mostrar aos alunos da comunidade do Novo Horizonte como realizar a edição dos materiais capturados com criação de roteiro, tudo ensinado em um só lugar.

“Bom, no final do curso, a gente tem a certeza de que cada aluno vai sair com uma bagagem e um olhar diferente do que entrou nesse curso. Vai ter uma visão mais técnica, um conceito melhor a ser aplicado desde uma fotografia, desde uma gravação de vídeo à captação de imagem através do celular. Então, assim,  também estamos ensinando a base de conceito, a importância de você escrever um roteiro, nem que seja para fazer uma simples imagem e a  necessidade de ter os diferentes olhares na captação e as possibilidades que você tem na edição”, descreve o profissional de audiovisual.  

Durante o desenvolvimento do curso, os participantes ainda terão a oportunidade de produzir um podcast nos estúdios da Artes Filmes. Nesse podcast, eles poderão comentar sobre o conteúdo das aulas e discutir diversos assuntos relacionados ao tema.

Ao final das seis semanas, cada aluno ainda receberá um certificado de conclusão do curso simbolizando o caminho percorrido com a produtora e a ONG Missão Intensidade. 

 Em parceria

O projeto Marketing Digital e Produção Audiovisual, idealizado por Felipe Palmeira, sempre foi uma ideia antiga que ele não conseguia colocar em prática. Contudo, tudo mudou quando Renato Cocenza e Lysia Henriques, da TV Diário, foram consultados sobre a iniciativa. Foi nessa conversa que Felipe encontrou o caminho para tornar a ideia realidade. Eles foram levados a apresentar a ideia a Rodrigo de Souza, da ONG Missão Intensidade, que se interessou pela proposta e decidiu levar adiante o projeto, focando em uma área de maior vulnerabilidade social na cidade.

Felipe Pereira recebeu o apoio essencial de seu sócio, Bruno Rodrigues, e da Integra Construtora. A empresa se responsabilizou por garantir os lanches e a locomoção para o grupo de 25 pessoas do bairro Novo Horizonte até a sede da produtora, durante os seis sábados do curso.

Esse projeto tem o potencial de ser o ponto de partida para futuras iniciativas que visem à integração de jovens da periferia de Mogi no universo do audiovisual, abrindo novos horizontes para o mercado de trabalho e para o futuro dos participantes.

“A ideia é que o projeto cresça na cidade e que a gente consiga, através dos profissionais que participaram e da estrutura que a Arts nos ofereceu, ampliar esse programa para atender mais pessoas que desejam conhecer e entender como funciona o audiovisual no mundo digital, o audiovisual no dia a dia. Pessoas que querem conhecer um pouco mais das técnicas básicas e querem, claro, aprender e de repente até faturar, ganhar dinheiro com esse tipo de aprendizado. Então, a expectativa é que esse projeto piloto se expanda para atender um número maior de pessoas”, projetou o produtor. (M.A.)