Grupo de Suzano faz campanha de adoção todos os sábados, na Vila Armênia, em Mogi das Cruzes
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Grupo de Suzano faz campanha de adoção todos os sábados, na Vila Armênia, em Mogi das Cruzes
“Nos dedicamos por amor. Porque cada animal que é doado, como uma cachorra que foi espancada, amarrada em uma árvore no meio do nada e ficou apavorada, latindo pedindo socorro, totalmente desacreditada da vida, é acolhido e passa por cuidados para ter uma família e voltar a ter fé nos humanos”. A frase é de Martha Rodrigues, fundadora da ONG Garras, que resgata, cuida, acolhe e trata animais em Suzano, com campanhas semanais de adoção em Mogi das Cruzes, aos sábados.
Atuante na causa animal há mais de 30 anos, Martha já trabalhou sozinha por muito tempo e também já teve outra ONG. Mas foi durante a pandemia que surgiu o Grupo de Apoio, Resgate e Reabilitação Animal Suzano (Garras), uma organização que não tem fins lucrativos. A não ser, é claro, que o bem-estar e a felicidade dos pets sejam considerados como lucro.
Martha Rodrigues (Divulgação - ONG Garras)
As campanhas de adoção acontecem na Poli-Pet, na avenida Vereador Narciso Yague Guimarães, em Mogi. Aliás, esta empresa é fundamental para a Garras. “A clínica nos ajuda muito, com descontos. Graças a eles já tivemos centenas de vidas de salvas (de animais resgatados em situação extrema) e que sem ajuda fatalmente morreriam”.
A empresa também fornece descontos para a realização de cirurgias e outros procedimentos, que são totalmente custeados por recursos das próprias protetoras de animais. São elas: Martha Rodrigues, Tania Mansano, Fabiana Tavares, Valéria Chaves Nascimento, Nanci Pintan e Francisleide Silva, seis “mulheres guerreiras”, que fazem tudo acontecer.
Não há uma sede, não há acesso a recursos públicos e/ou repasses de verba. Os animais resgatados ficam nas casas das protetoras, em Suzano. Atualmente, em seis lares, 106 animais ganham água, comida, carinho, espaço para brincar e também cuidados médicos.
Existem cerca de 30 voluntários que atuam de diferentes formas, ajudando nas campanhas ou fornecendo transporte até o veterinário e outros endereços. Sem sombra de dúvida, é um trabalho nobre, bonito. Inspirador. Mas é preciso dizer: também é difícil, especialmente pela falta de recursos financeiros. “Nenhum protetor ganha com causa animal. Pelo contrário: contrai dívidas”, crava Martha.
De acordo com ela, muitas pessoas pedem ajuda, mas poucas estão dispostas a assumir alguma responsabilidade. “Quando tem um animal atropelado, a pessoa que pediu ajuda não está disposta a ajudar, custear, dar lar, cuidar dele. Só que, quando a gente resgata um animal, se torna responsável. É você que vai cuidar dele, abrigar, levar para passar por procedimento cirúrgico, que tem custo caríssimo. E se não fizer isso, ele vai morrer”, relata ela, que “ajuda primeiro para depois ver como vai pagar”.
Espaço de campanha de adoção na Poli-Pet (Divulgação - ONG Garras)
É por amor. Martha, por exemplo, está desempregada há um ano. Mas conta com a ajuda do companheiro, dos amigos e de alguns trabalhos feitos, em esquema de home office. Com estes recursos, e com o dinheiro proveniente de rifas, bingos, campanhas de financiamento coletivo e doações para a Garras, ela consegue cuidar de 21 cachorros e nove gatos.
Boa parte destes animais se enquadra na classificação SRD (sem raça definida), já adultos, quando não idosos ou com dificuldades de mobilidade ou algum tipo de deformidade, doença crônica ou limitação. E isso, infelizmente, dificulta a adoção, “pois as pessoas dão preferência para filhotes”. Também sofrem, por preconceito, os animais de cor preta.
É por isso que, embora o objetivo da Garras seja “resgatar, cuidar, oferecer abrigo, tratamento veterinário, e acima de tudo um acolhimento com amor”, para que os pets possam participar das campanhas de adoção quando já estiverem “reabilitados (fisicamente e emocionalmente), vermifugados, cadastrados e vacinados”, muitos dos cachorros e gatos aguardam um novo lar há anos.
Desde a fundação da ONG, 70 animais foram doados, ganhando um novo lar e se distanciando de um passado difícil, de abandono ou violência. “Mas é pouco. Quando a crise aperta, o primeiro gasto que as pessoas querem cortar é o animal. E não deveria ser assim”, conclui Martha, que luta por políticas públicas relacionadas à causa animal e diz que ajudar, seja adotando um animal, doando ração ou comparecendo nas campanhas, “não tem preço”.
COMO AJUDAR?
Saiba como apoiar a ONG Garras
Todos os sábados, entre 10 e 17 horas, a ONG Garras promove uma campanha de adoção na Poli-Pet de Mogi, na avenida Vereador Narciso Yague Guimarães, 1670, Vila Armênia. Para adotar, não é cobrada taxa de adoção, mas é preciso fazer uma doação de pelo menos oito quilos de ração. Mesmo quem não puder adotar, pode ajudar apadrinhando um animal, doando ração, medicamentos, jornais, cobertores, caminhas, roupinhas e utensílios para pets, sendo voluntário ou doando qualquer valor para a chave PIX 11 973836802.
Protetoras e voluntários formam rede de apoio que salva centenas de vidas
Voluntários da ONG (Divulgação - ONG Garras)
Na casa de Tania Mansano, 53, uma das protetoras de animais da ONG Garras, vivem 12 cães e 12 gatos. Um destes animais, o gatinho Quique, tem necessidades especiais. Ele, que foi resgatado na Cracolândia, em São Paulo, com a coluna vertebral quebrada provavelmente devido a chutes, e com marcas de queimadura de cigarro pelo corpo, inclusive em um dos olhos, precisa ter a barriga massageada para fazer xixi.
“A gente vive mais em função dos bichos do que outra coisa”, diz Tania. Mas a afirmação não é uma reclamação, e sim um agradecimento. “É muito gratificante, tanto resgatar quanto doar. Recuperar um animal, socializar e conseguir doar... é salvar uma vida”, analisa ela, que dedica a rotina diária para os cuidados com os animais, muitos dos quais não participam mais de campanhas de doação, por terem idade avançada.
Assim como Tania, Fabiana Tavares, 28, também dedica a vida aos pets. Ela mora com os pais, que a ajudam a cuidar de 12 cachorros, muitos deles com quadros de saúde delicados. Enquanto eles ficam com as rotinas de limpeza, é ela, atriz e atuadora cultural, quem leva para passear, ao veterinário e arca com as despesas, além de dar banho, fazer controle de pulgas e outras funções.
Ambas se desdobram para arcar com o alto custo de tratamentos médicos, como quimioterapias e cirurgias de emergência. “Fazemos rifa, vendemos alguma coisa. Quando extrapolamos, não temos quem nos ajuda. Não existe nada de graça. A gente tem dívidas em veterinário, parcelamos em 500 vezes no cartão”, finaliza Tania, com bom humor.
Bonnie
(Divulgação - ONG Garras)
Por três dias seguidos, a protetora de animais Fabiana Tavares ouviu o choro de uma cachorrinha. Cada vez mais pedindo socorro mais alto, foi só no terceiro dia, com intervenção policial, que a pequena, de pele branca coberta de pequenas manchas pretas, foi resgatada.
Dois idosos na faixa dos 80 anos eram os responsáveis por “cuidar” de Branquinha. As aspas são necessárias pois cuidar era o oposto do que faziam. Após a espancar, deixaram-na sem comida ou água, amarrada a uma árvore.
Após o resgate, Fabiana passou a cuidar de Branquinha. Em primeiro lugar deu amor e carinho, depois custeou a cirurgia de castração e vacina. Iniciou o processo de socialização, levando-a a uma das edições da ação de adoção da ONG Garras. A cachorrinha voltou para casa. Não reagiu bem ao evento, e provavelmente não voltaria para lá. Mas Fabiana “sentiu uma coisa boa” e insistiu na semana seguinte. O resultado é visto na foto abaixo: este repórter e sua esposa, Lígia, adotaram Branquinha, que passou a se chamar Bonnie, e está bem distante do passado de violência.
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