Presidente cobra o retorno de Bolsonaro ao Brasil, caso contrário o partido não terá como lhe pagar o prometido salário de quase R$ 40 mil
(Foto: arquivo)
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, não pode reclamar da falta de emoções neste mais recente período de final e início de ano.
Os últimos tempos têm sido pródigos em surpresas, tensões e até mesmo complicações no plano político.
Afinal, quem tem Jair Bolsonaro a seu lado estará sempre sujeito a chuvas e trovoadas constantes. Isso quando não acabam se transformando em intempéries que colocam permanentemente à prova a paciência e o poder de negociação política do comando do partido, que continua pagando muito caro por ter o imprevisível ex-presidente em seus quadros, em troca de bancadas majoritárias no Congresso (Câmara e Senado Federal).
Enquanto Lula e seu grupo se apossavam do comando do País, algo que lhes foi assegurado pelos resultados das recentes eleições presidenciais, Costa Neto se dividia em tentar manter o partido unido, enquanto o líder maior da agremiação, Jair Bolsonaro, trocava o clima de confronto que ele incentivou a criar no País, por uma inesperada viagem para a mansão do lutador José Aldo, nos Estados Unidos, onde passou o réveillon, deixando para trás centenas de seguidores que insistiam em manter vigílias nas portas de quartéis, à espera de um golpe que acabou ficando mesmo só nos planos.
Aliás, entre as tantas notícias espetaculosas que circularam nos últimos dias estaria o planejamento de um suposto golpe com apoio militar, onde caberia a Valdemar acalmar os ânimos no plano político.
Como se isso fosse possível, ou se a história tivesse realmente algum fundo de verdade.
Nada se comprovou de tudo isso.
E Bolsonaro, que estava na muda desde que foi derrotado por Lula, saiu quieto do Brasil, após a derradeira live, e permaneceu calado, no conforto de sua estadia em terras americanas.
Enquanto isso, Valdemar passou a ser questionado pela imprensa e por alguns setores do bolsonarismo o que teria levado o presidente a partir daquela forma.
E bastou que Lula fosse empossado para que o presidente do PL desse, segundo a imprensa brasiliense, um ultimato para o presidente em férias: ou ele volta para o País e concorda em levar adiante o plano de fortalecer o partido como líder da oposição a Lula, ou não seria cumprida parte do prometido, que deveria ser a concessão de um salário beirando os R$ 40 mil por mês para Bolsonaro e outra quantia para a primeira dama, Michelle.
Aliás, vale lembrar que sem a presença de Bolsonaro por aqui, oficializado na condição de dirigente do PL, o dinheiro retido por decisão da Justiça não pode ser movimentado, pois a liberação de partes dos recursos só é permitida para pagamentos de salários dos funcionários da agremiação.
Até a tarde de ontem, não se tinha notícia de um possível regresso do ex-presidente da República.
Mas, nem por isso, as emoções de Valdemar terminaram.
Logo depois de aparecer em um vídeo dando um abraço em Lula, durante a posse, em Brasília, a deputada federal Flávia Arruda pediu, na última segunda-feira (2), a desfiliação do PL.
Muito considerada por representar a mulher na legenda, Flávia chegou a ocupar o cargo de ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República, no governo Bolsonaro.
Porém, numa carta entregue pessoalmente a Valdemar, afirmou: “Considerando os fatos das últimas eleições, o posicionamento do partido e meus ideais democráticos, sigo em um novo caminho com os sinceros votos de que a política continue sendo espaço de respeito, diálogo e busca de um Brasil melhor”.
O abraço em Lula e a consequente desfiliação do PL, entretanto, não aconteceu por acaso. Candidata favorita ao Senado, ela foi abandonada pelo grupo político de Bolsonaro, que passou a apoiar a campanha de Damares Alves (Republicanos).
Não se sabe se esta será a única baixa do PL, mas com Bolsonaro fora do País fica difícil até para Valdemar convencer outros nomes a se filiarem ao partido.
Ou seja, o ano que está só começando parece prometer muito mais emoção que as vividas até agora pelo presidente liberal. O que virá por aí é tão incerto quanto foi tentar ganhar a Mega da Virada. Vale, portanto, continuar aguardando as próximas cenas do complicado jogo político do Brasil.
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