A história é pouco conhecida, mas foi contada ao atual bispo diocesano, dom Pedro Luiz Stringhini, durante um almoço, em julho de 2018, na sede da Cúria Diocesana, pelo então vereador Antonio Lino da Silva.

Lembrou o ex-vereador  que o ex-prefeito de Mogi, Waldemar Costa Filho, e o falecido bispo, dom Paulo Rolim Loureiro, o primeiro a ocupar tal cargo na recém-criada Diocese de Mogi das Cruzes, sempre se respeitaram, apesar de o político que governou Mogi por 18 anos, invariavelmente, procurar manter certa distância de alguns religiosos, em especial daqueles que não costumam rezar pelo seu próprio breviário. 

O clima amistoso entre os dois, no entanto, teria desandado, por algum motivo que nem o ex-vereador conhecia, algum tempo antes de um acidente automobilístico ocorrido no centro de São Paulo, causar a morte de dom Paulo Rolim, no dia 2 de agosto de 1975.

O tempo passou, Waldemar continuou na política e, em 1976, se elegeu prefeito pela segunda vez, permanecendo no cargo por seis anos, por conta de uma prorrogação de mandatos determinada pelo regime militar da época.

Foi justamente durante esta administração que Waldemar se aventurou pela Serra do Mar, ligando Mogi à Baixada Santista, com a rodovia Mogi-Bertioga, por ele construída.

Tempos depois, entretanto, o prefeito mogiano teve de engolir quando algum deputado estadual, buscando fazer média com a Igreja Católica, solicitou ao governador da época que desse àquela estrada o nome de Rodovia Dom Paulo Rolim Loureiro.

E assim foi feito.

Após a publicação da medida governamental no Diário Oficial, foi então, sempre segundo o relato de Antonio Lino ao atual bispo diocesano de Mogi, programada uma solenidade  para marcar tal efeméride.

E no esperado dia, diante das autoridades presentes, o locutor oficial do evento empostou a voz, como o momento exigia, e anunciou, no ápice da festa, o descerramento da placa com o nome do religioso denominando a estrada que Waldemar construíra.

Para surpresa geral, no entanto, não havia placa alguma debaixo do cetim colorido que deveria esconder tal mimo.
Foi então que, sempre segundo o relato de Antonio Lino, o prefeito Waldemar entrou em cena e disse, em alto e bom som, para que todos ouvissem:

“Não tem placa porque eu não mandei fazer; e eu não mandei fazer porque ele (o bispo) não merece”.

Dom Pedro, o quinto bispo de Mogi,  teria ouvido tudo aquilo em silêncio, ao lado de seus convivas, entre eles, o prefeito da época, Marcus Melo,  e alguns de seus assessores mais próximos e ligados à Igreja Católica na cidade.

 Ganchos e latitudes

Um vereador de Salesópolis, recém-eleito, não via a hora de estrear na tribuna criticando o prefeito. E lá foi ele: “As ruas estão esburacadas, sem luz e, à noite, os cachorros soltos, numa latitude que não deixa ninguém dormir. Assim não é possível!” “E não é mesmo”, concordou o líder do prefeito. O mesmo vereador acabou eleito primeiro secretário da Câmara e teve de ler uma mensagem do prefeito. Levantou-se, empostou a voz e mandou: “Artigo 1...” e leu tudo. “Artigo 2...” e leu tudo. Até que, de repente, ficou paralisado diante de algo que nunca havia visto. Mas não perdeu a pose e foi adiante: “Ganchinho 1...”, “Ganchinho 2...”

Eram os parágrafos do documento.

 Parabéns a todos vocês!

Não é apenas Mogi das Cruzes que comemora aniversário neste 1º de setembro. Enquanto a cidade celebra seus 463 anos, o ex-prefeito Marcus Melo festeja seu 51º aniversário, e o Sport Club Corinthians Paulista, 113 anos. Nesta data aniversariam personagens igualmente conhecidos, como Washington Rodrigues, radialista e ex-técnico de futebol;  o inglês Barry Gibb, dos Bee Gees; Edgar Rice Burroughs, escritor americano que criou o personagem Tarzan, em 1912; Rocky Marciano, campeão americano de boxe na categoria  dos pesos pesados (1952-56) e a pintora Tarsila do Amaral, que fez parte do movimento modernista “Pau Brasil”. E, por muito pouco, o querido União FC também comemoraria os seus 110 anos no mesmo dia. O tradicional clube mogiano, porém, foi fundado no dia 7 de setembro de 1913.

 Conselhos a prefeiturável

Waldemar Costa Filho certo dia chamou à sua sala um político em início de carreira, mas se esqueceu do que deveria tratar com ele. Enquanto tentava se lembrar, resolveu dar alguns conselhos para o vereador que já sonhava ser prefeito de Mogi. Convidou o interlocutor para sentar-se à sua frente e lascou: “Você quer ser prefeito e sentar-se nesta cadeira, não quer? E continuou: “Pois, então, é bom ficar sabendo que para isso você terá de ser amigo do juiz de Direito, do promotor de Justiça, do bispo diocesano, do pastor evangélico, do comandante da Polícia Militar, do delegado de Polícia e... dos f. da p. dos vereadores. O aspirante a prefeito ouviu tudo em silêncio  e até hoje continua sonhando com a oportunidade de colocar tudo isso em prática, algum dia.