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Prefeito promete usar amor como armadilha para cães vadios em Mogi

Ideia defendida por Waldemar Costa Filho para retirar cachorros que perambulavam pelas ruas da cidade, agora é usado na Colômbia para encontrar Wilson, animal que se perdeu na floresta amazônica

DARWIN VALENTE
18/06/2023 às 10:09.
Atualizado em 18/06/2023 às 10:09

O ex-prefeito Waldemar Costa Filho deixou histórias que são lembradas por se relacionarem a fatos atuais, como o que acontece na Amazônia Colombiana; uma morador de Mogi ainda preserva uma fotografia do gestor que faria 100 anos neste 2023 (Danilo Scarpa)


A edição desta sexta-feira (16) do Estadão traz uma interessante notícia sobre a tentativa de resgate do cão Wilson, que se perdeu na selva da Amazônia Colombiana, após ter participado do resgate das quatro crianças que sobreviveram ao acidente aéreo naquele território.

Segundo o jornal, os militares que procuram pelo pastor belga que se encontra desaparecido estão utilizando cadelas para tentar atrair o animal pelo odor das fêmeas em período fértil.

A estratégia dos militares colombianos remete a uma história ocorrida em Mogi das Cruzes no final da década de 1970, quando Waldemar Costa Filho foi eleito para o segundo mandato como prefeito da cidade.

À época, a população de cães que perambulava pelas ruas de Mogi era muito grande, a ponto de provocar reclamações da comunidade em geral, que cobrava uma atuação da Prefeitura para resolver o problema.

Waldemar, a cada encontro com os jornalistas, era questionado a respeito do assunto, numa época em que, vale dizer, não existiam os grupos de defesa dos animais, tão comuns nos dias atuais.

Naquele tempo, a solução para o problema era a carrocinha que caçava os cães de rua e os levava para o Depósito Municipal, no Bairro do Mogilar, de onde eram encaminhados para o sacrifício, em São Paulo (dizia a lenda urbana que eram usados para fazer sabão). 

Certo dia, de maneira inesperada, Waldemar convocou a Imprensa para anunciar uma solução mágica para resolver, de vez, o problema dos cachorros abandonados da cidade. 

E diante de uma plateia de perplexos repórteres, o prefeito explicou o seu plano:

“A partir da próxima semana, vou resolver o caso dos cães vadios da seguinte maneira. Vou amarrar uma cadela no cio à carrocinha, que irá percorrer as ruas com maior movimento de cachorros. Eles serão atraídos pelo cheiro da cachorra e será muito fácil para a carrocinha se deslocar até o Depósito, onde os cães serão finalmente tirados de circulação.”

A tal solução do prefeito de Mogi repercutiu muito além da  cidade.

No dia seguinte, era manchete em jornais da Capital, onde o saudoso Jornal da Tarde usou o tema em sua capa.

Em meio a duas fotos de canhões e blindados de duas guerras que aconteciam, à época, no exterior, aparecia o pequeno, mas visível, título: “Armadilha para cães em Mogi: amor”.

Nas rádios e tevês  da Capital não se falava em outro tema. Em Mogi, então, foi o assunto do final de semana.

Todos esperavam para ver o que iria acontecer na segunda-feira, conforme prometido pelo polêmico prefeito.

Mas nada aconteceu. Diante de tamanha repercussão do fato, Waldemar decidiu mudar de ideia.

Chamou os repórteres e disse que em  virtude de muitos telefonemas recebidos de “senhoras da Vila Oliveira e outros pontos da cidade”, contrárias à medida, ele buscaria outra forma de resolver o problema.

E realmente encontrou. Mas acabou  arrumando para si uma confusão ainda maior. Como iremos lembrar e contar, em breve, aqui neste mesmo espaço.


Chico, de vice a vereador e deputado

Em 1982, o médico  cearense, Chico Bezerra, foi chamado ao gabinete de Waldemar Costa Filho, que diante de outros políticos locais, anunciou:

”Chico você será o vice do Ornelas”, que no caso, era Osvaldo Regino Ornelas, um ex-prefeito de Mogi, que seria novamente lançado como um dos três candidatos da Arena, para duelar contra três do MDB.

Pego de surpresa, o médico topou a parada. Mas mal a campanha se iniciou, Ornelas desistiu da  disputa.

E, com isso, Chico Bezerra acabou concorrendo a uma vaga na Câmara, se elegendo e iniciando uma carreira que chegaria à  Assembleia.

A  vaga de Ornelas foi coberta pelo ex-vereador Nicolau Lopes de Almeida que simplesmente sumiu da cidade algumas semanas antes da eleição.

Tempos depois, descobriu-se: ele estava numa praia do Litoral Norte, desfrutando de uma casa pertencente a Jacob Lopes, chefe da oposição na cidade.

A Arena, é claro, perdeu a eleição em Mogi.

 Inimigo, sim; mas com gratidão

A história acima foi lembrada, ontem, à coluna, pelo próprio Chico Bezerra, que tornou-se inimigo figadal de Waldemar, numa das futuras campanhas em que também se candidatou a prefeito de Mogi.

A lembrança de fatos passados veio junto com um comentário muito atual feito por Bezerra a respeito de recente homenagem prestada pela Câmara de Mogi ao centenário de nascimento de Waldemar. 

“Apesar de nossos desentendimentos, considerei a homenagem muito justa, pois Waldemar Costa Filho foi realmente o melhor prefeito que esta cidade já teve”, afirmou Chico Bezerra, revelando que,  apesar de  distanciado até mesmo do filho, Valdemar Costa Neto, ele guarda “uma grande gratidão por tudo que Waldemar fez por mim. Afinal, foi ele quem me lançou na política de Mogi e isso é algo que não esqueço nunca”, garantiu Chico Bezerra, ao telefone.
 

E assim surgiu o Procon de Mogi

Isidoro Dori Boucault Neto era advogado da Prefeitura de Mogi e, certo dia, chegou diante de Waldemar, com uma estranha cabeleira descolorida.

Questionado, jogou a culpa na “tintura acaju nº 5”, que havia apresentado problemas.

Perguntado  se não reclamara do produto, Dori tangenciou: na cidade não havia a quem recorrer em situações  como aquela.

Foi o que bastou para Waldemar criar um órgão de defesa do consumidor e colocá-lo sob a responsabilidade de Dori.

E foi assim que nasceu o Procon de Mogi. Dori permaneceu por um longo tempo  no comando do Procon, até se especializar no Direito de Defesa do Consumidor, sua atual ocupação profissional.
 

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