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Políticos usavam quadros e camisetas para dar recados a eleitores

Era o início da década de 90, quando o recém-eleito presidente da República, Fernando Collor de Mello, usava camisetas com as mais diferentes inscrições para mandar recados à Nação, durante suas corridas das manhãs de domingo pelas ruas de Brasília. Em cada uma delas, o político alagoano mostrava sua forma física, ostentando diferentes dizeres na […]

26 de junho de 2022

Reportagem de: O Diário

Era o início da década de 90, quando o recém-eleito presidente da República, Fernando Collor de Mello, usava camisetas com as mais diferentes inscrições para mandar recados à Nação, durante suas corridas das manhãs de domingo pelas ruas de Brasília. Em cada uma delas, o político alagoano mostrava sua forma física, ostentando diferentes dizeres na altura do peito para serem focalizados pelas câmeras de televisão. Frases que, mais tarde, seriam devidamente decifradas pelos analistas políticos de plantão.

 

À época, prefeitos da região do Alto Tietê adotaram outra estratégica para enviar seus recados aos visitantes que procuravam seus gabinetes, quase sempre com pedidos e propostas nem sempre republicanas.

 

Passaram a encher de quadros o caminho e interior de seus gabinetes com frases que funcionavam como advertências e os protegiam contra indesejáveis e incômodas reivindicações.

 

No dia de sua posse para o terceiro mandato, no dia 1º de janeiro de 1989, o prefeito mogiano Waldemar Costa Filho tomava posse, mantendo atrás de sua mesa um quadro com a frase do ex-presidente norte-americano, John Kennedy, impressa em grandes letras azuis: “O segredo do fracasso é querer contentar a todos”. 

 

Uma cópia do quadro foi presenteada por Waldemar à sua amiga e então prefeita municipal de Guararema, Conceição Alvino de Souza. 

O sucesso do recado foi tamanho que levou o prefeito a fazer outro alerta, agora de sua própria lavra, igualmente enquadrado em lugar de destaque também no gabinete: “Por gentileza, economize tempo. Vá direto ao assunto”.

 

Outros alertas do tipo acabaram ocupando alguns outros espaços no corredor que levava ao gabinete.

 

Detalhe: o quadro original foi presenteado por Waldemar a seu amigo e atual deputado federal, Marco Aurélio Bertaiolli, que o mantém, até hoje, no interior do gabinete, em seu escritório político, no bairro do Mogilar.

 

Mas ainda na década de 90, outro a entrar na onda dos alertas foi o então prefeito de Poá, José Massa, que mesmo admitindo, à época, que as tais frases “não eram 100% eficientes”, também cravou, na parede, atrás da mesa de seu gabinete, os dizeres: “Se você é meu amigo, não me peça o que a lei proíbe”.

 

À época, houve até quem produzisse mensagem cifrada, como foi o caso do ex-prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, que assediado para concorrer ao cargo de governador do Estado de São Paulo, evitou os seus conhecidíssimos bilhetinhos, sua principal forma de comunicação, mas colocou um par de chuteiras na porta de seu gabinete.

 

Era o recado de que ele “havia dependurado as chuteiras” e que não pretendia outra coisa, senão levar o seu mandato de prefeito até o fim.

Eram, realmente, outros tempos…

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