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Golpista encontra o seu próprio "pai" ao agir pelo telefone

“Fale mais um pouco. Eu acho que conheço essa voz”. E foi assim que o golpista acabou levando a pior ao tentar tomar algum dinheiro do gerente de banco da cidade

DARWIN VALENTE
28/05/2023 às 18:15.
Atualizado em 28/05/2023 às 18:14

Elton Gomes da Costa trabalhou em algumas agências bancárias, mas ganhou visibilidade - e muitos clientes - à frente da gerência do Bradesco Prime, de Mogi. Nos tempos em que os bancos ainda gostavam de ter clientes em suas agências, ele costumava resolver as questões financeiras dos visitantes com histórias mineiras e de bom pescador que é. Aposentado, ainda atua junto à XP Investimentos, na cidade (Arquivo O Diário)

Os 43 anos de sua vida passados dentro de bancos, ouvindo todo tipo de conversa, inclusive de espertalhões, garantiram ao mineiro de Salinas, Elton Gomes da Costa, um know how  capaz de farejar um golpe, ainda que à distância.

Por isso mesmo, não foram necessários mais que alguns minutos de conversa ao telefone para ele sentir, naquele dia, que do outro lado da linha estava um dos muitos golpistas que tentam ganhar dinheiro às custas da ingenuidade de muitos.

O cheiro de trambique era evidente. Afinal, a experiência o levava a conhecer todos os roteiros preliminares usados por estelionatários que se faziam passar por funcionários de banco, aparentemente preocupados com o uso do cartão de crédito do cliente por terceiros. Na verdade, os bons de bico queriam mesmo era saber informações, como número de contas e até senhas, que lhes permitissem arrancar toda a grana da conta do interlocutor. 

Ao sentir que falava com um deles, Elton resolveu usar da mineirice para cima do golpista. E, surpreendente, lhe disse, em tom de amizade:

“Acho que estou conhecendo a sua voz. Fale de novo!”

E o golpista:

“Não estou entendendo...”

“Por favor, continue falando  alguma coisa”, insistiu Elton.

Após mais algum tempo ouvindo a falação do golpista bom de conversa, o mineiro do Vale do Jequitinhonha o interrompeu, dizendo: 

“Olha, ouvindo sua voz, eu tenho quase certeza, que você é meu filho... Fale de novo, mais um pouco!”

“Não estou entendendo... como assim, você é meu pai?”

E Elton, sem perder a calma:

“Olha tenho certeza disso, pois sua voz é muito parecida com a minha. Você não sentiu isso também?”

E o golpista, cada vez mais desentendido:

“Eu não o conheço. Como você pode dizer que é meu pai?”

“Olha, tenho certeza disso, pelo seu tom de voz. Mas vou te explicar melhor”, disse Elton, agora em tom de confissão.

“Há muito tempo, quando vim morar em São Paulo, frequentei  muitos cabarés naquela região boêmia da cidade, na rua Major Sertório e adjacências. Eu passei por muitos desses lugares, onde conheci muita gente, inclusive mulheres da noite. Tive relação mais próxima com algumas e agora tenho certeza: você é filho de uma delas!”

Ao golpista, do outro lado da linha, notando que, em vez de senhas, números de contas, e afins, ele havia servido de chacota para sua suposta vítima, outra coisa, não restou.

Ele desligou o telefone, não sem antes disparar um sonoro palavrão dirigido ao interlocutor e à sua genitora.

Aos 70 anos, Elton continua fazendo jus à fama de esperteza e de bons contadores de histórias que acompanha os mineiros que vieram parar em Mogi.

 Passagens para votar

Essa foi contada pelo atual vice-presidente Geraldo Alckmin, quando ainda era governador e costuma visitar Mogi com frequência.

Candidato a prefeito de Pindamonhangaba sua cidade natal, ele começava sua carreira pedindo votos na zona rural, onde encontrou uma senhora fazendo almoço.

Depois de muitos santinhos e conversa, ele convenceu a mulher a votar nele.

Ele já saía da casa, quando ela, deixando a beira do fogão, lhe disse:

“Doutor, e o dinheiro para as passagens?"

Sem perder o sorriso, o candidato mostrou a ela a seção eleitoral que ficava bem do lado de sua casa.

“A senhora vai votar pertinho, ali no grupo escolar”.

E ela:

“Mas doutor nós votamos em Itajubá!”

Alckmin contou que ganhou a eleição por 67 votos, que poderiam ter sido mais, não fosse o fato de Itajubá ser uma cidade do estado de Minas Gerais.

Um tanto distante de Pindamonhangaba.


As voltas que o mundo dá

Fernando Collor, candidato a presidente em 2018, tinha como principal referência de campanha o combate à corrupção e ao empreguismo, o que lhe valeu o título de “Caçador de Marajás”.

Em campanha por São Paulo, Collor tinha visita marcada para Mogi das Cruzes.

Quando já estava a caminho da cidade, soube que seu principal anfitrião, seria o empresário e ex-deputado Jacob Cardoso Lopes, envolvido com o episódio do Mogigate.

O presidenciável manteve a visita.

Sua carreata percorreu toda a cidade, com o candidato sobre a carroceria de uma caminhonete, acenando para o público.

E foi embora, sem descer do carro ou falar com alguém.

Foi eleito presidente e acabou cassado por  corrupção.

E nesta semana foi condenado pelo Supremo  Tribunal Federal por idêntico motivo: corrupção.

 Os "selinhos" do prefeito


No derradeiro de seus quatro mandatos à frente da Prefeitura de Mogi, Waldemar Costa Filho foi até o Jardim Piatã, na Divisa, visitar a amiga e fiel cabo eleitoral, Maria de Lourdes, que encheu a casa de vizinhas.

A conversa foi longa e, ao se despedir, na saída, uma das senhoras, um tanto, digamos, moderninha, pediu um “selinho” ao prefeito, que não se fez de rogado e lhe tascou um beijo na boca, como costumava fazer a apresentadora Hebe Camargo.

Quando se virou, deu de cara com uma fila enorme.As demais presentes também queriam ganhar o "selinho".

“Pensei que fosse perder os dentes”, confidenciou  Waldemar, bem-humorado, quando conseguiu chegar à Prefeitura de Mogi.

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