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Folclore Político (CLXVI) Turma do barulho

O prefeito eleito Caio Cunha, quem diria, já fez parte da “turma do fundão”, do Colégio Policursos, juntamente com o atual secretário de Cultura e Turismo, Mateus Sartori, entre outros jovens de uma época marcada por boas histórias. Dirigida à época, por José César Sgarbi, a escola tornou-se conhecida por sair à frente no ensino […]

4 de dezembro de 2020

Reportagem de: O Diário

O prefeito eleito Caio Cunha, quem diria, já fez parte da “turma do fundão”, do Colégio Policursos, juntamente com o atual secretário de Cultura e Turismo, Mateus Sartori, entre outros jovens de uma época marcada por boas histórias. Dirigida à época, por José César Sgarbi, a escola tornou-se conhecida por sair à frente no ensino de Processamento de Dados, curso que prometia  escancarar para os alunos o novo mundo da informática, ainda incipiente para a grande maioria das pessoas. O desafio da tecnologia atraía, principalmmente, jovens de classe média dispostos a investir num futuro que lhes parecia altamente promissor. E lá estavam  eles, assistindo às aulas de tecnologia, eletrônica e dividindo o tempo de sala de aula com os modernos laboratórios equipados com computadores de última geração daquela época, hoje verdadeiros dinossauros. Mas o novo mundo que surgia diante dos jovens estava por ser explorado, muito além do que era ensinado pelos professores, ainda incipientes nas matérias. E foi assim que uma dessas revistas com curiosidades sobre a informática foi parar nas mãos da “turma do fundão” do laboratório, que além de Caio e Sartori (cuja mãe, professora, trabalhava na escola), tinha ainda Pablo Sgarbi (filho do diretor).  A revista ensinava como padronizar as antigas entradas de telas  e eles resolveram implantar a novidade nos respectivos computadores. Só se esqueceram que a sala trabalhava em rede. Seguindo o passo a passo da revista, eles colocaram fotos e nomes em seus equipamentos e foram para casa. No dia seguinte, quando ligados, todos os computadores da escola apresentavam as fotos e os nomes dos “hackers”, termo que, se à época existia, ainda era desconhecido da grande maioria.Resultado: não foi necessário sequer investigar quem teria provocado o estranho “fenômeno” nos computadores. A traquinagem trazia os nomes e fotos de seus autores. Nem é preciso dizer que foram todos parar na diretoria, inclusive os filhos da professora e do diretor, juntos com aquele que, ninguém imaginava, viria a ser eleito prefeito de Mogi, algumas décadas depois. A “brincadeira” que acabou gerando uma espécie de vírus, o qual se propagou pela rede interna do Poli, custou a todos eles uma advertência e alguns dias de descanso forçado em casa. Era tudo o que Sartori queria: aproveitar a folga para praticar nos primeiros jogos eletrônicos de basquete, disponíveis nos computadores de Paulo Cunha, o pai de Caio, que, já naquela época, dispunha de máquinas que os outros alunos da turma nem sequer sonhavam ter em suas casas.

Sangue para todo lado

A professora Eládia, de Geografia, tinha experiência com teatro desde os bons tempos do TEM, e por isso mesmo, resolveu promover uma oficina  como os alunos  do Poli. O trabalho seria simular uma situação do cotidiano e a “turma do fundão” optou por criar uma família socialmente desajustada, onde o pai (Pablo) era alcoólatra;  a mãe (Alexandre) uma inconformada com o marido  e os dois filhos (Caio e Sartori) rebeldes. Um baú com figurinos foi colocado à disposição do elenco.  Sartori achou uma garateia (anzol de três fisgas) e dependurou num brinco que usava. A cena começou com ele chegando em casa para abraçar o pai bêbado. Na confusão do abraço, a garateia enterrou no braço de Pablo que, ao puxar, “rasgou” a orelha de Sartori. Um banho de sangue que acabou atingou o outro filho, Caio Cunha, enquanto a plateia aplaudia pensando tratar-se de “efeitos especiais”. A peça terminou com seus principais atores levados ao hospital para retirar os anzóis e fazer curativos.

Pagando com cheque 

O Colégio Policursos era tão avançado para a época que decidiu expor parte de sua tecnologia no festival agrícola mais famoso da época, o  Furusato Matsuri, no Cocuera. E lá foram Caio, Mateus, Pablo e o resto da turma montar os equipamentos .  “Nós éramos terríveis, mas participávamos de tudo e éramos bons alunos”, lembra Sartori. No final da noite de sexta, véspera da abertura, o diretor apareceu por lá, viu a turma ainda  trabalhando e decidiu recompensá-los. Deu-lhes um cheque para que fossem comer alguma coisa quando saíssem dali. Só que em lugar de uma pizzaria, os rapazes foram para um supermercado e fizeram a festa, com  latas e mais latas de sorvetes, salgadinhos e tudo mais. O grupo virou a madrugada  comendo e bebendo na rua. O cheque em branco custou caro demais para o diretor José César Sgarbi.

Fazenda distante

“Se cobrir vira circo; se cercar, vira hospício”, costumava dizer o vereador Protássio Nogueira, cada vez que era chamado para contar histórias inusitadas que chegam ao seu gabinete, na Câmara. Numa delas, um sujeito com traje típico de cowboy, botas, chapéu, camisa xadrez, calça de brim e os inevitáveis óculos escuros insistia em falar com o vereador. “Soube que o senhor tem umas fazendas e eu estou procurando emprego..”, disse, logo que  Protássio chegou. Bem-humarado, o vereador  foi direto: “Emprego tem, mas a fazenda fica no Mato Grosso, as uns 1.500 km daqui”. O estereótipo de vaqueiro americano cofiou o bigode, pensou, tossiu, e jogou a toalha. “É um pouco longe, não? Pensi que fosse mais perto…” E saiu da sala do vereador, sem nunca mais voltar.

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