Os mais atentos notaram que enquanto adoçava o café, a dona da casa levava à boca a mesma colher que usava para mexer o açúcar no interior do bule
SORTEIO E FESTA NO COMÉRCIO - Junto com os primeiros passos de uma carreira política, o comerciante Marco Bertaiolli atuava como presidente da Associação Comercial de Mogi, onde foi responsável por inúmeras promoções em épocas de grandes datas para os lojistas da cidade. Na foto, uma cena que não será mais vista: Bertaiolli cuidando pessoalmente do sorteio de brindes das promoções da ACMC, no centro de Mogi (Arquivo)
Junto com a vida político-partidária, o futuro conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Marco Aurélio Bertaiolli, deixa também algumas histórias dos tempos em que disputou eleições na cidade de Mogi das Cruzes.
Visitas a cabos eleitorais geralmente incluem algumas regras básicas, que precisam ser seguidas a qualquer custo pelo candidato e seus acompanhantes. Uma delas, talvez a principal, é jamais enjeitar algum alimento que lhes sejam oferecidos durante a permanência naquela residência.
Por isso mesmo, campanhas estão cheias de boas histórias.
Uma dessas aconteceu num dos bairros da região da Divisa e envolveu diretamente o seu cabo eleitoral, acompanhante e cunhado, Sérgio Picolomini, o Picô, um ativo participante da equipe de campanha do candidato a prefeito.
Juntamente com um grupo de concorrentes à Câmara Municipal, o prefeiturável Bertaiolli foi visitar a casa de um cabo eleitoral de grande prestígio nos bairros da Divisa, região limítrofe com os territórios de Itaquaquecetuba e Suzano.
A conversa corria animada, na cozinha, onde a dona da casa preparava o inevitável cafezinho para os ilustres visitantes.
Os mais atentos, Picô entre eles, notaram que enquanto adoçava o café recém-coado, a mulher levava à boca a mesma colher que usava para mexer o açúcar no bule.
O sistema de prova foi repetido algumas vezes, com a colher saindo da boca da dona da casa e indo diretamente para o recipiente do café.
O rapaz, porém, só veio a sentir realmente o significado daquele nada higiênico ritual quando uma caneca cheia da bebida recém-coada chegou às suas mãos, ainda fumegante.
Os mais próximos logo notaram a sua dificuldade diante daquele presente que, por norma de campanha, jamais poderia ser rejeitado.
os amigos continuavam conversando animadamente com os moradores, Picô deu um jeito, foi até o quinta, onde despejou o café e voltou com a caneca já esvaziada.
Bertaiolli bem que notou a estratégia do cunhado e não perdeu tempo.
Virando-se para a dona da casa, lhe disse, empolgado:
“Olha só o Picô gostou tanto do café que já tomou o dele. A senhora não quer por mais um pouquinho pra ele, que bebeu tão rápido?!?”.
Orgulhosa diante de tamanho elogio, a dona da casa voltou a encher a caneca que o rapaz, mesmo com certa dificuldade, se viu obrigado a tomar, diante de todos os presentes.
A história do cafezinho de campanha ainda é lembrada até os dias, entre risos, por todos que participaram daquele momento como testemunhas do café que acabou sendo engolido na marra pelo acompanhante do candidato a prefeito.
"Teje morto!"
Sebastião Nery, o rei do folclore político, conta que lá pelos anos 60, um caminhão entupido de gente, voltava de um jogo de futebol, na Paraíba, e como o motorista corria muito, acabou tombando numa curva do caminho.
Uma dúzia de mortos.
Lívio Valença, médico e deputado estadual, foi chamado, pegou carona com um cabo eleitoral e entrou no hospital examinando os corpos.
“Este está morto”.
Examinava outro:
“Este também está morto”.
O cabo eleitoral se empolgava cada vez mais:
“Já está até gelado!”.
Foram-se dez nesta toada, quando, no fim da fila, o doutor Lívio examinou, reexaminou e decretou:
“Mais um morto!”
O morto gritou:
“Não tô morto não, doutor, só arrebentado!”
O cabo eleitoral se aproximou e botou a mão na cabeça dele:
“Cala a boca, rapaz. Quer saber mais que o doutor Lívio???”.
Um trenzinho de votos
Nas eleições municipais de 1982, os votos ainda eram contados a mão, um a um, verdadeiro sacrifício para apuradores, juízos e fiscais partidários que tinham de ficar de olho para que uma cédula em branco não se transformasse em voto a favor de algum candidato amigo do escrutinador.
Foram dias e dias de apurações, até que a contagem para prefeito, mais rápida que a de vereador, indicou a vitória do candidato Machado Teixeira.
Foi uma grande festa dos oposicionistas, que saíram num trenzinho puxado a trator pelas ruas para comemorar a vitória.
A festa desguarneceu a vigilância dos fiscais.
O suficiente para que alguns candidatos a vereador, que já haviam assumido a derrota publicamente, conseguissem “dar a volta por cima “, nas últimas urnas, elegendo-se de um modo que somente eles sabiam.
Mas que jamais contariam.
Pois então prove!
A história tem várias versões. Esta teria se passado na Câmara de Salesópolis, anos atrás, quando o líder da oposição discutia com o líder do prefeito. O opositor atacava:
“V.Excia. é um teleguiado, sem personalidade. Só sabe cumprir ordens!”
E o outro:
“Sou líder. E o líder tem de dizer o que o Executivo pensa!”
O oposicionista reagiu:
“Critico o comportamento de V. Excia. por ser um homem de recados, robô do prefeito!”
O líder explodiu:
“Senhor vereador, até agora discutia com V.Excia. porque não me sentia agredido. Agora, vai ter de provar a esta Casa quando é que eu roubei o prefeito!”
Por via das dúvidas, a sessão acabou por ali mesmo...
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