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FOLCLORE POLÍTICO

A tarde em que “O Código da Vinci” deu sono no padre dentro do cinema

Quando a repórter notou, o religioso que deveria assistir ao filme “O Código da Vinci” para opinar sobre a história, dormia e até resfolegava, na poltrona bem ao lado dela

Darwin Valente
17/09/2023 às 09:23.
Atualizado em 17/09/2023 às 09:45

Uma das mais tradicionais de Suzano, a praça João Pessoa, no centro da cidade, é um antigo ponto de encontro dos suzanenses, que aproveitam o local para momentos de descanso e contemplação, além, é claro, de um bom papo. Ali está a igreja matriz de São Sebastião, para onde também convergem muitos moradores do centro e bairros para os cultos religiosos e missas (Foto: reprodução)

O escritor norte-americano  Dan Brown fazia sucesso no mundo todo com o seu livro “O Código da Vinci”, que se dispunha a revelar segredos da Igreja Católica, quando foi lançado o filme homônimo, com Tom Hanks encarnando Robert Langdon, o especialista em símbolos e também o “mocinho” da história.

Na redação deste jornal, a pauta foi quase automática.

Por conta das questões religiosas polêmicas levantadas pela obra, por que não se convidar um padre para ir ao cinema e depois comentar o que ele achou de tudo o que veria e ouviria.

Logo após saber que iria fazer a reportagem com o religioso, a repórter escalada pelo editor de plantão foi atrás de um padre que estivesse disponível naquela tarde para acompanhar a sessão de cinema que tinha início pouco depois das 18 horas.

O religioso topou a ideia e é bem provável que tenha se empolgado um pouco demais com o vinho da hora do almoço.

Mas ele estava na porta da igreja, pronto para se dirigir a uma das salas de cinema do Mogi Shopping, onde deveria assistir ao filme.

A repórter o apanhou, mas logo que adentraram no escurinho da sala de projeção, o sono da siesta que o religioso não havia tirado naquele dia começou a pesar suas pálpebras e, mal apareceram na telona as primeiras cenas, já de muita ação, no interior do Museu do Louvre, em Paris, o religioso literalmente desmaiou num sono profundo, a ponto de resfolegar, devidamente aboletado na confortável poltrona da sala de projeção.

Quando olhou para o padre dormindo, a repórter deste jornal se assustou e decidiu contactar a redação.

Mandou um SMS ao editor:

“O padre dormiu no começo do filme, o que eu faço?” - indagou ela, já à beira de um ataque de nervos, por imaginar que iria perder a boa pauta.

“Cutuca ele!” - aconselhou o editor, em sua resposta.

Ela desligou, cutucou, mas de nada adiantou. O religioso, já idoso, continuava dormindo o sono dos justos. 

A repórter contaria depois que passou a se mexer ostensivamente na cadeira, na esperança de que o padre acordasse e assistisse ao menos uma parte do filme que lhe permitisse emitir alguma opinião sobre a trama de origem religiosa, cheia de mistérios, ação e aventura.

Os chacoalhões na cadeira de nada adiantaram e a repórter tomou uma sábia decisão: resolveu se concentrar no filme, acompanhar cena a cena, e, ao final da projeção, quando o religioso acordou, contou toda a história para ele.

Ainda hoje, entre boas risadas, ela lembra suas desventuras no cinema ao lado do padre e ainda conta, orgulhosa:

“Gostei do filme, mas as únicas aspas que consegui dele foram:

“É tudo uma grande salada hollywoodiana”, garantiu o religioso, já acordado do longo sono.

Um tempo que não passa

Houve um tempo em que o relógio da igreja matriz de São Sebastião, em Suzano, passava mais tempo parado que funcionando.

Apesar disso, um morador das proximidades da praça da igreja, seu Bernardo, fazia questão de sentar-se num banco para admirar o relógio.

Francisco Quadra Andrez, o “Ticão”, figuraça da cidade,  intrigado com a presença constante do  munícipe, sempre no mesmo ponto da praça, certo dia se aproximou dele e perguntou: 

“Seu Bernardo, há anos que eu vejo o senhor sempre neste banco, lendo o jornal e olhando para a torre da igreja....”

“É verdade, respondeu ele e ficou olhando o relógio..."

“Mas o relógio está sempre parado...” -provocou “Ticão”.

E Bernardo, sorridente, responde: 

“É por isso mesmo que venho. Assim, eu tenho impressão que o tempo nunca passa...” 

Conversa com o doutor

Para lembrar, uma contada pelo leitor Joel Avelino Ribeiro, que viveu muito tempo no Vale do Ribeira, onda ainda está parte da família do ex-presidente Bolsonaro.

Foi lá que uma mulher dos cafundós daquela região foi ao médico, na cidade.

No meio da consulta, o doutor lhe pergunta sobre a região onde ela vivia:

”Como vai aquela zona de lá?”

A mulher responde:

“Ah, doutor, continua com a mesma putaiada de sempre!”

Pego de surpresa, temendo ser interpretado incorretamente, o médico tentou consertar: 

“Não é a essa zona que me refiro, mas sim à rural...”

Aí, a mulher responde, ainda mais rapidamente:

“Ah, a rural? O prefeito  trocou por uma Willys...”

O médico achou melhor não levar adiante. E, por isso mesmo, a conversa terminou por ali mesmo.

Mestre dos mestres

Mestre Henrique era afamado marceneiro nos sertões de Sergipe. Conhecido pelas camas francesas, do tipo Luiz XV, ele pôs toda sua ciência no Cruzeiro do patamar da igreja de Aquidabã.

No topo do sagrado madeiro, o vigário fizera o mestre colocar, numa tabuinha, as letras INRI, iniciais de Jesus Nazareno Rei dos Judeus (“Iesus Nazarenus Rex Iudacorum”), irônica expressão latina de que a ruindade de Pilatos se lembrara na ignominiosa sentença de morte do filho de Deus.

Certo dia, um sertanejo perguntou a um conhecido o que seria o INRI sobre o Cruzeiro.

A resposta veio rápida: 

“Ocê num sabe não? Ali falta o Q-U-E. Esse QUE não cabeu na tabuinha: é a assinatura de quem  fez, que foi o mestre  INRIque”. 

(História contada pelo  consultor Gaudêncio Torquato)
 

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