Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres vem sendo reivindicado, há muito tempo, pelo veterinário Jefferson Leite, uma voz solitária em defesa da cidade de Mogi das Cruzes.
Veterinário Jefferson Leite é um solitário defensor da instalação de um Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres em Mogi das Cruzes, algo que não saiu do papel até os dias de hoje (Foto: reprodução / G1)
Considerado uma referência nacional e até internacional na proteção e recuperação de espécies da fauna silvestre brasileira, o Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres (Cetras-SP), ligado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), terá sua rede de atendimento ampliada com a inauguração, nos primeiros três meses de 2024, de uma nova unidade na cidade de Registro, no Vale do Ribeira.
"A entrada em operação do novo equipamento em Registro ampliará a nossa capacidade de atendimento, atuando em sinergia com as polícias ambiental e rodoviária no combate ao tráfico de animais na BR-116, importante rota do comércio ilegal de animais, que liga o Brasil de Norte a Sul", ressalta Patrícia Locosque, que comanda a Coordenadoria de Fauna Silvestre (CFS) da Semil.
A notícia divulgada pelo governo do Estado de São Paulo chama atenção para um fato: enquanto a pequena Registro, cidade com pouco mais de 56 mil habitantes, receberá a unidade, Mogi das Cruzes e seus quase 500 mil moradores, localizada entre as serras do Itapeti e do Mar, povoada de represas do Sistema Alto Tietê, continua à espera de um empreendimento desse tipo.
Que o diga o veterinário Jefferson Leite, única voz a se levantar em defesa da instalação de uma unidade do Cetras, que já deve estar exausto de malhar em ferro frio, apresentando todo tipo de razão para que a cidade já tivesse sido presenteada com um estabelecimento desse tipo.
Quem costuma acompanhar o trabalho do veterinário pelas redes sociais já se habituou a vê-lo utilizando, muitas vezes, a estrutura de seu próprio consultório para atender animais silvestres feridos pelos mais diferentes motivos nas estradas e caminhos das áreas urbana e rural de Mogi.
A criação de um Cetras – até bem pouco tempo identificado apenas como Cetas – na cidade, além de melhorar as condições de trabalho para Jefferson e outros profissionais, também aumentaria consideravelmente as condições de recuperação desses animais, das mais diferentes espécies.
Apesar de contar com políticos que se elegem fazendo proselitismo em relação ao atendimento a cães, gatos e outros bichos, a cidade ainda não conseguiu se unir o suficiente para exigir a instalação de uma unidade da rede de atendimento aos animais silvestres.
Os números de atendimentos do setor no Estado são expressivos. Somente neste ano (2023), o Centro recebeu 4.742 animais, sendo 2.734 provenientes de apreensão, 686 de entregas espontâneas e 1.322 vindos de resgates.
Em 2.063 desses casos, as polícias Militar Ambiental, Militar Rodoviária, Civil e o Corpo de Bombeiros realizaram as ocorrências, o que demonstra a importância de um trabalho coordenado entre os setores, além de ações de Educação Ambiental e de Comunicação para conscientização contra o Tráfico de Animais Silvestres.
Desde sua implantação, em 1986, o Cetras-SP, antes conhecido como CRAS-PET, já atendeu mais de 200 mil animais de 720 espécies, entre aves, mamíferos e répteis, inclusive aquelas que se encontram ameaçadas de extinção, como é o caso do Sagui da serra escuro (Callithrix aurita), ou Sagui-caveirinha, e dos pássaros Pixoxó (Sporofila frontalis) e Papagaio de cara roxa (Amazona brasiliensis).
Mogi das Cruzes, pelo andar da carruagem, vai continuar esperando, por muito mais tempo...
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