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NGK, de Mogi, é líder em velas e cabos de ignição

Especialista em velas e cabos de ignição, a empresa instalada desde 2007 no bairro do Cocuera, emprega mais de 1,3 mil funcionários

28 de janeiro de 2022

Produção de velas de ignição. / Foto: divulgação

Reportagem de: O Diário

A multinacional japonesa NGK, fundada no ano de 1936, em Nagoya, e com a primeira fábrica fora do Japão inaugurada em 1959, na cidade de Mogi das Cruzes, é líder no mercado de reposição e uma das principais fornecedoras de componentes para montadoras de veículos. Especialista em velas e cabos de ignição, a empresa instalada desde 2007 no bairro do Cocuera, com área de 70 mil metros quadrados construídos no terreno de 625 mil m², emprega mais de 1,3 mil funcionários. A unidade mogiana abriga um dos seis centros tecnológicos da companhia, que está presente em todos os continentes. Detentora das marcas NGK (componentes automotivos) e NTK (sensores e ferramentas de corte), a empresa atende os mercados interno e externo. Na entrevista a seguir, o diretor-gerente Eduardo Tsukahara avalia o mercado e revela planos:

Quais os principais produtos da NGK?

O carro-chefe são as velas de ignição, mas também produzimos cabo de ignição e comercializamos sensor de oxigênio, ferramenta de corte e bobina de ignição, todos no setor automotivo. Em Mogi, produzimos cerca de 7 milhões de vela de ignição e 1,4 milhão de cabos de ignição por mês.

E os diferenciais da empresa?

A NGK é uma empresa muito focada no atendimento ao cliente, oferecendo produtos de alta qualidade que, inclusive, excedem a expectativa do cliente. Temos como filosofia, vinda da nossa matriz japonesa, este espírito, que é nosso diferencial para se estabelecer não só no mercado brasileiro, mas também em outros países. Além dos produtos, como trabalhamos muito com a expectativa do cliente, sempre buscamos o aumento da qualidade, com produtos que não dão defeito e nem problemas para os clientes, e isso se transforma em credibilidade. As pessoas compram nossos produtos com a segurança de que vão conseguir viajar com tranquilidade e não terão o carro parado na estrada por algum problema que eles possam trazer. Esta tranquilidade é o que oferecemos aos nossos clientes. Também trabalhamos bastante na questão de energia sustentável e nossa planta tem uma usina de placa solar para se beneficiar desta energia renovável. Cerca de 7% da energia que consumimos são provenientes desta usina solar que, segundo a EDP, é uma das maiores do Alto Tietê. Isso faz parte da política ecovision do grupo, que busca a neutralidade do carbono, em conjunto com a nossa matriz.

A empresa está presente em quais países?

Estamos presentes em cinco continentes. Constantemente, há mudanças e alguns viram pontos de assistência ou escritórios de representação. Mas temos nossas principais fábricas de manufatura no Japão, Estados Unidos, França, África do Sul, Tailândia, China, Coréia do Sul, Malásia, Indonésia e Índia. Aqui no Brasil, Mogi é a única fábrica e foi a primeira que a NGK teve fora do Japão. Exportamos para todos os países da América do Sul, mas México, Estados Unidos, África do Sul, França, Japão e Indonésia também são os principais países para os quais exportamos os produtos da planta de Mogi das Cruzes.

Há planos de investimentos?

Fizemos um investimento de R$ 200 milhões em 2019 e 2020 em ampliação da fábrica, no Cocuera, para aumentar em 30% a capacidade de produção de isoladores para velas de ignição. A fábrica começou a funcionar com esta parte ampliada em 2020, se passaram dois anos e agora é que estamos chegando na capacidade máxima. Nossa empresa tem uma política de investimento periódico, não neste montante, mas neste ano, por exemplo, estamos pensando em investir em atualização de máquinas, que vão ficando antigas e precisam ser renovadas, e na manutenção da fábrica, para fazer com que ela continue produzindo no mesmo nível. Já é uma política que adotamos para que a fábrica não fique obsoleta demais a ponto de termos prejuízo em qualidade e produtividade. Este investimento será da ordem de R$ 40 milhões e, para os próximos três anos, em torno de R$ 100 milhões.

Hoje, quais as principais dificuldades do mercado?

A grande dificuldade que temos, não é em relação ao mercado, no qual estamos bem, porque temos a confiança dos nossos clientes e conseguimos atingir o mercado sul-americano de forma satisfatória. No entanto, ficamos bastante preocupados com a questão tributária. O grande vilão das empresas é atender as obrigações tributárias, que estão ficando cada vez mais complexas, nos tomando muito tempo e fazendo com que a gente acabe pagando muitos impostos. Uma reforma tributária seria uma ótima pedida para este momento, para que possamos investir e criar mais oportunidades de emprego e negócios. O maior desafio que temos no momento é como transformar esta questão de dificuldade tributária em simplificação, o que ajudaria para que tivéssemos mais facilidade em fomentar negócios.

Há dificuldades na contratação de funcionários?

É preciso preparar bem para o mercado de trabalho, porque há muitos equipamentos eletrônicos e até na hora de fazer a máquina andar é preciso alguma habilidade em relação às novas tecnologias. Ainda não temos mão de obra suficiente preparada neste sentido. As máquinas estão sendo atualizadas com velocidade e a preparação das pessoas está aquém do que realmente necessitamos. Esta é a principal dificuldade que estamos tendo. Claro que há escolas técnicas que estão tentando preparar mão de obra, mas temos necessidade de contratar pessoas e treinar internamente, o que encarece bastante o nosso custo de contratação. Além disso, temos dificuldade em encontrar as pessoas de nível mais alto, como o pessoal de TI, por exemplo, que são profissionais bastante requisitados. Como estamos muito próximos de São Paulo, que tem um nível salarial mais alto, este pessoal tem migrado bastante para lá e ficamos descobertos em relação a este profissional da parte tecnológica.

E a expectativa para 2022?

Estamos nesta situação da pandemia de Covid há dois anos. No começo não conseguíamos enxergar a dimensão, havia insegurança e imprevisibilidade. Isso fez com que muita gente deixasse de comprar e tivemos uma queda bastante acentuada. No ano passado conseguimos recuperar os níveis pré-pandêmicos, mas este ano começamos a ter outra preocupação e uma expectativa bastante negativa por causa da Covid, que parece que não acaba e deixa a todos bastante apreensivos. Esperamos que possamos atingir o mesmo nível deste ano, não dá para falar em crescimento. Vivemos uma estabilidade e o que está ajudando bastante é que o mercado automotivo vive um momento diferente neste período de pandemia, porque as montadoras não conseguem produzir carros novos por falta de semicondutores.

Por que isso ocorre?

Este é um movimento mundial e os carros usados e seminovos estão movimentando este mercado de compra e venda de veículos, que está subindo bastante. O IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor) subiu porque o valor do carro usado começou a subir e a valorizar. Estima-se 20% de aumento no negócio de carros seminovos e usados e isso faz com que a manutenção seja necessária e a gente possa prover as autopeças que este mercado em aquecimento consome. As montadoras tiveram queda significativa e não conseguem produzir os veículos. Então, há um movimento bastante estranho que nos deixa muito apreensivos e não conseguimos enxergar o que pode acontecer ainda neste ano. De repente, as montadoras se recuperam e o mercado de carros usados pode cair. Isso nos deixa preocupados e não é possível fazer um planejamento ou previsão do que pode acontecer. Se conseguirmos um nível igual ao deste ano, já estaremos satisfeitos.

Qual a importância da AGFE?

É bastante importante esta união entre os empresários, principalmente da região de Mogi das Cruzes, porque temos demandas parecidas entre uma empresa e outra, como por exemplo, esta falta de mão de obra. A gente acaba tendo contato com outras empresas com as mesmas dificuldades e, inclusive, podemos apoiar uma instituição de ensino para que a formação seja direcionada às nossas necessidades. Quando uma empresa faz isso individualmente tem muito mais dificuldade do que quando se coloca mais gente. Quando a gente compartilha estas necessidades fica muito mais fácil. Na questão tributária, acredito que se a gente unisse forças entre as demandas das empresas da região, teremos mais condições para chegar junto aos governos municipal, estadual e federal, para sugerir alguma mudança em relação à alteração ou melhoria neste sentido. Então, esta união é uma grande expectativa que nós da NGK temos em relação à AGFE.

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