No ano em que o Divino Verde completa uma década de implantação, a parceria da festa com o Instituto Embu de Sustentabilidade (IES) é ampliada para um projeto que deve trazer ainda mais sustentabilidade ao trabalho das abelhinhas e zangões que preparam os doces para a quermesse por meio do projeto “Divina Abóbora”. 

As abóboras que dão vida ao doce mais famoso do evento passarão a ser cultivadas de forma colaborativa e sustentável. As mudas já foram plantadas na última semana, com a expectativa que rendam entre seis e sete toneladas do fruto rasteiro. 

A parceria do IES com a Festa do Divino Espírito Santo de Mogi das Cruzes começou em 2014. Na época, a entidade mantida pela Embu S/A, referência nacional no mercado de brita e brita de areia, compartilhou um espaço com a Pastoral da Ecologia e a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente e trabalhou em uma barraca na quermesse, para a distribuição de mudas nativas da Mata Atlântica. 

Quem passou por lá, pode levar de forma gratuita para casa espécies como cambuci, palmito-jussara, pitanga e cereja-do-rio-grande, além de ouvir orientações sobre em quais locais plantar, como deveria ser o cultivo, o tamanho que pode atingir, entre outros pontos. É uma forma de contribuir para o reflorestamento de diversos pontos da cidade, com espécies que fazem parte da história de Mogi. O projeto continua até hoje. Na edição deste ano, cerca de 3,5 mil mudas foram distribuídas. 

Desde 2017, na produção dessas mudas doadas na Festa do Divino, há um ciclo de sustentabilidade que merece ser destacado. O Instituto Embu de Sustentabilidade passou a recolher todo o material orgânico produzido antes e durante a quermesse. As toneladas de resíduos são transformadas em composto e utilizadas na adubação das mudas, segundo explica Paulo Sérgio Pereira dos Santos, biólogo do IES.

“Esse é um trabalho que começa cerca de 40 dias antes da quermesse, com o recolhimento dos resíduos da Casa da Festa, da Associação Pró-Divino, armazenados em tambores. Depois de cheios, eles são levados para o Instituto Embu de Sustentabilidade. O mesmo acontece com o resíduo da festa. Já chegamos a recolher sete toneladas, que depois são misturadas às folhas, resíduos de árvores e outros materiais vegetais juntados no instituto mesmo. Essa mistura rende cerca de duas toneladas em adubo”, detalha Paulo. 

Já a novidade deste ano surgiu após a dificuldade em encontrar abóboras suficientes para as produções dos doces, no período de dois meses que antecede a festividade. Por isso, a organização da festa propôs ao instituto que ajudasse no desenvolvimento de mudas de aboboreira. 

“O IES nos trouxe sementes para 700 mudas, que foram semeadas e desenvolvidas até virarem mudas. Na semana passada, elas foram levadas e plantadas no sítio Verona. Esses processos já contaram com os adubos que foram feitos a partir dos resíduos recolhidos na festa deste ano”, detalhou.

A expectativa é de que em até dois meses antes da festa começar, as aboboras estejam maduras, ao ponto de serem colhidas e encaminhadas para a Associação Pró-Festa. 

Para a Embu, que desde 1964 está presente em ações de sustentabilidade e responsabilidade social, contribuir para um projeto que une essas duas frentes - a maior festividade religiosa do Alto Tietê e ainda de forma sustentável - é motivo de alegria. 

“É um ciclo que contribui de diversas formas para a natureza. Primeiro ao arrecadar um material que poderia ir para os lixões e virar chorume. No entanto, ele é destinado corretamente e volta à natureza, para adubar sementes, produzir alimentos que, de novo, estarão na festa. O meio ambiente agradece”, enfatiza Paulo.  

Em 2024, a Festa do Divino será realizada entre os dias 9 e 19 de maio, sob o tema “Divino Espírito Santo, derramai em nossos corações o dom da misericórdia”.