Nachi, fundada no Japão em 1928, está em Mogi desde 1973
Em Mogi, na área de 250 mil metros quadrados, sendo 20 mil m2 construídos, em César de Souza, a Nachi Brasil produz 10 milhões de rolamentos por ano. (Divulgação)
Especializada na produção de rolamentos de esferas e comercialização de robôs industriais, a Nachi Brasil funciona desde 1973 em Mogi das Cruzes. A empresa é uma das subsidiárias da multinacional Nachi Fujikoshi Corp., fundada no Japão em 1972, e reconhecida pela tecnologia de seus produtos, que a tornam referência no progresso mundial em inovação e know-how em soluções multifacetadas no mercado.
Em Mogi, na área de 250 mil metros quadrados, sendo 20 mil m2 construídos, em César de Souza, a Nachi Brasil produz 10 milhões de rolamentos por ano. A produção consiste em séries especiais de dupla carreira de esferas para ar-condicionado automotivo - no qual a empresa é líder mundial -, itens especiais para aplicação em virabrequim de motocicletas e específicos para tensionadores de correia automotiva. Já as séries standards são destinadas à fabricação de eletrodomésticos, componentes automotivos, máquinas agrícolas, compressores, máquinas operatrizes, motores elétricos e bombas.
Na entrevista, o diretor-presidente da Nachi Brasil, Hatsuo Miyayachi, revela planos e avalia o mercado:
Quais os principais produtos da empresa?
No Brasil somos fabricantes e vendedores de rolamentos e de esferas, e fazemos importação e venda de robôs vindos da matriz. Temos ainda o departamento de sistematização, que oferece ao cliente solução completa em células robotizadas. Além de vendermos robôs, desenvolvemos os periféricos, como esteiras, sensores, elevadores... No Japão, a Nachi é fabricante de vários itens da indústria. Os concorrentes são apenas fabricantes de rolamentos.
O diretor-presidente da Nachi Brasil, Hatsuo Miyayachi (Foto: Eisner Soares / O Diário)
Quais os diferenciais da Nachi?
Nossos diferenciais são a qualidade e a oferta de soluções multifacetadas para o mercado. Não são apenas rolamentos, como também robôs, hidráulica industrial e automotiva, aços especiais, coberturas especiais e tratamento térmico e ferramentas. Desde a fundação, em 1928, no Japão, a filosofia da empresa é oferecer soluções completas ao setor fabril. A produção de rolamentos não teve muitas mudanças nas últimas décadas, mas houve a automatização de algumas atividades. Como o custo do funcionário é muito caro no Brasil, nos esforçamos para fazer a automatização para produzir mais em menos tempo. Fazemos isso sempre, para ter uma produção melhor a um custo menor, e poder vender também a um preço menor. O importante é que temos produção local, sendo que na maioria dos concorrentes, a fábrica fica fora do Brasil. E como produzimos aqui, temos condições de atender os clientes prontamente, conforme a demanda, o que é muito importante na indústria automobilística. O forte da unidade de Mogi é fabricar e vender para o segmento de duas rodas, tanto diretamente para o fabricante, como Honda, Toyota, Yamaha, Suzuki, Dafra, como para o mercado repositor.
Em quais países a Nachi está presente?
Estamos na América, Europa, Ásia e Oceania.
Para onde a fábrica de Mogi exporta?
Hoje exportamos para Paraguai, Uruguai, Argentina, México e também para nossa filial dos Estados Unidos.
Há investimentos previstos?
Temos pedidos de investimentos em relação a investimentos no Brasil, mas que dependem de avaliação e autorização da matriz. Por enquanto, não temos nada programado em ampliação da fábrica, mas sim quanto à automatização das linhas de processo. Mais para frente, queremos utilizar nossos robôs na linha de produção.
Qual a expectativa para 2022?
Temos um plano de crescimento de 14% em relação a 2021. Vim para cá já no início da pandemia, então não vi como era antes. Agora, voltando quase ao normal, o Brasil está aquecendo o mercado e deve crescer bem mais.
E as dificuldades do mercado?
É principalmente a concorrência com produtos importados, apesar do preço do dólar, porque o segmento de rolamentos está infestado de produtos de baixa qualidade, vindos da China, Coréia, Taiwan e Vietnã. Este é o grande mercado de produção de rolamentos mundial, mas a maioria com produtos de baixa qualidade. O custo é em torno de um quarto do nosso e tem marcas mais baratas para todos os gostos e bolsos. Isso atrapalha porque o consumidor não consegue ver custo-benefício quando a diferença é muito grande. Uma das dificuldades do ramo de rolamentos é que não temos muitos fornecedores no Brasil e ainda dependemos de importação em alguns casos. Se houvesse fornecedores de matéria-prima e componentes ficaria mais fácil e não sofreríamos com variação cambial e em termos logísticos. Isso ocorreu, principalmente, nestes últimos dois anos de pandemia. O custo de importação está cinco vezes mais caro do que em março de 2020, além disso, os prazos são longos, cerca em torno de 30 a 60 dias, e isso exige que tenhamos mais estoque aqui, o que encarece o custo.
Há dificuldades na contratação?
Na área de robótica, estamos tentando expandir e começamos a ter gargalos porque é uma mão de obra especializada, com conhecimentos de eletrônica e mecatrônica. Há muitos procurando emprego e poucos preparados para as vagas. E há uma mudança grande porque a mão de obra em si não quer mais ficar em fábrica. A maioria prefere mais o serviço administrativo. Quem sai do curso técnico ou faculdade procura trabalho menos braçal e mais intelectual. Não é um problema exclusivo do Brasil. Na China e Japão, o pessoal mais novo pensa assim.
NACHI BRASIL
Fundação da Nachi no Japão: 1928
Fundação da Nachi Brasil em Mogi: 1973
Colaboradores: 140 diretos e 30 terceirizados
Principais produtos: rolamentos e robôs
Produção anual: 10 milhões de rolamentos por ano
HATSUO MIYAYACHI
Cargo: diretor-presidente Nachi Brasil
Idade: 52 anos
Nascimento: Toyama (Japão)
Formação: técnico em Mecânica (Japão)
Início na empresa: há 33 anos
Início na unidade de Mogi: agosto/2020
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