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PL cresce com Bolsonaro, mas palanques são motivo de atrito

Além de se tornar a maior bancada da Câmara dos Deputados ao fim da janela partidária, o PL, do presidente Jair Bolsonaro, cresceu em 16 assembleias legislativas e na Câmara do Distrito Federal. Em estados como Rio e São Paulo, a legenda passou a ter as maiores bancadas, enquanto em Minas quadruplicou o número de […]

6 de abril de 2022

Reportagem de: O Diário

Além de se tornar a maior bancada da Câmara dos Deputados ao fim da janela partidária, o PL, do presidente Jair Bolsonaro, cresceu em 16 assembleias legislativas e na Câmara do Distrito Federal. Em estados como Rio e São Paulo, a legenda passou a ter as maiores bancadas, enquanto em Minas quadruplicou o número de deputados. Se, por um lado, a entrada de Bolsonaro impulsionou o crescimento do partido, por outro, a formação de palanques para a reeleição já provoca atritos.

Com as últimas mudanças, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) passou a ter 19 nomes filiados ao PL, enquanto registrava apenas seis anteriormente. No Rio, agora são 14 parlamentares. Antes da janela partidária, o partido tinha apenas um representante no legislativo fluminense. Já a Assembleia de Minas passa a ter nove parlamentares com as trocas partidárias — número mais do que quatro vezes maior do que os dois deputados com os quais contava antes.

Impulsionado pela chegada do presidente à legenda, o PL concentra grande número de deputados bolsonaristas em sua base, que devem tentar a reeleição. Dos 13 novos integrantes da legenda em São Paulo, nove eram do PSL, antigo partido do titular do Palácio do Planalto. No Rio, os novos filiados se dividem entre eleitos pelo PSL e nomes ligados ao governador Cláudio Castro, que migrou do PSC para o PL no ano passado.

Atualmente com 106 deputados estaduais espalhados pelo Brasil, o partido espera eleger ao menos 130 parlamentares em assembleias nas eleições deste ano, de acordo com o presidente do diretório fluminense, Altineu Côrtes. Mas, apesar do grande número de candidaturas para todos os cargos, o partido ainda não esclareceu como será feita a partilha de recursos do fundo eleitoral.

— A intenção é crescer em todos os estados do Brasil e montar grandes bancadas. No Rio, por exemplo, pretendemos eleger 15 deputados estaduais e 16 federais — afirma.

A segunda maior bancada da Alesp ficou com o PSDB, do governador Rodrigo Garcia, que superou o PT em número de deputados: agora são 13 tucanos no parlamento paulista. No Rio, a segunda maior bancada passou a ser do recém-criado União Brasil, que conta agora com 11 parlamentares. O PSD, do prefeito Eduardo Paes, passou a ter cinco deputados.

Na última terça-feira, durante cerimônia de filiações, o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, que foi preso no escândalo do mensalão, comemorou a “sorte” de ter Jair Bolsonaro a seu lado:

— Eu fico pensando da sorte que nós tivemos de poder recebê-lo no nosso partido. Eu nunca imaginei. Eu passei 30 anos correndo atrás de deputado para o meu partido crescer.

Citando “problemas” em alguns estados, Valdemar pregou a necessidade de o partido ser fiel a Bolsonaro. Alguns diretórios, principalmente no Nordeste, são alinhados ao ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas.

A expansão também vem provocando contratempos, e a formação de palanques bolsonaristas nos estados tem incomodado lideranças do PL. Isso porque Bolsonaro já deixou claro que não abre mão de candidaturas que o partido considera pouco competitivas: a do deputado federal Vitor Hugo para o governo de Goiás e a do ex-ministro da Cidadania João Roma para governador da Bahia.

O problema, para os caciques, é que a imposição levará o PL a investir uma quantia substancial do fundo eleitoral —calculado a partir do desempenho do partido em 2018, quando Bolsonaro estava no PSL — em disputas perdidas, além de afastar potenciais aliados.

Em Goiás, Vitor Hugo, deputado de primeiro mandato, disputará contra Gustavo Mendanha, que é do Patriota, e contra o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que detém uma ampla rede de alianças, a máquina estadual e acesso ao maior fundo eleitoral e partidário do país.

Na Bahia a situação é semelhante: o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) aparece à frente em pesquisas internas das legendas. O PL preferia ter fechado uma aliança com ele, mas Bolsonaro optou por seu ex-ministro João Roma. Segundo um integrante da cúpula da sigla, “os casos de Goiás e da Bahia refletem decisões de caráter pessoal que prejudicam seu próprio projeto de reeleição”.

Um dos principais termos do acordo para a filiação de Bolsonaro ao partido era a costura de alianças estaduais avalizadas pelo presidente. Apesar da inconformidade, lideranças do PL deixam claro que não haverá qualquer movimento para contrariá-lo.

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