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Malhação de Judas, uma tradição cada vez mais longe dos mogianos

Embora a tradição venha perdendo força ao longo dos últimos anos, especialmente os dois últimos em virtude da pandemia do novo coronavírus, este Sábado de Aleluia (16) costuma ser dia em que grupos de garotos saem às ruas arrastando bonecos, numa referência à malhação de Judas, mais uma das simbologias da Semana Santa. Na cidade, […]

15 de abril de 2022

Reportagem de: O Diário

Embora a tradição venha perdendo força ao longo dos últimos anos, especialmente os dois últimos em virtude da pandemia do novo coronavírus, este Sábado de Aleluia (16) costuma ser dia em que grupos de garotos saem às ruas arrastando bonecos, numa referência à malhação de Judas, mais uma das simbologias da Semana Santa.

Na cidade, já foi comum esses grupos saírem pedindo balas e doces aos comerciantes que, em tempos passados, já se prepararam, guardando as iguarias que seriam distribuídas aos garotos durante a manhã de sábado.

A malhação simboliza a morte de Judas Iscariotes, o apóstolo que entregou a localização de Jesus aos romanos por 30 dinheiros. 
No dia seguinte à crucificação, Judas foi encontrado morto, enforcado em uma árvore. Como ele foi considerado um traidor na tradição católica, muitas pessoas queriam desforra. Por isso, o sentido da malhação, com as crianças espancando os bonecos que arrastam pelas ruas.

Por conta da presença de possíveis grupos de garotos malhando o Judas e pedindo balas e doces aos comerciantes, a Polícia Militar recomenda mais atenção aos motoristas que estiverem circulando pela cidade, durante o sábado, já que envolvidos com as brincadeiras, muitas crianças acabam indo parar o meio da rua, diante de veículos, o que pode acabar em atropelamento.

Símbolos

Em algumas áreas rurais ainda persiste o costume de se “queimar” o Judas durante o Sábado de Aleluia. Neste dia, moradores costumam encher as roupas de um homem com o chamado capim barba-de-bode, já seco e de fácil combustão, transformando-as em um boneco que recebia, como parte do enchimento, bombinhas explosivas e moedas.

Esse “Judas”, cuja fisionomia se aproximava o máximo possível de algum personagem conhecido da política ou da própria localidade que merecesse ser castigado, era, geralmente, amarrado a um poste. Ao meio-dia do Sábado de Aleluia, o boneco era incendiado e a cada explosão dos fogos de artifício, as moedas aquecidas pelo fogo eram lançadas à distância para serem recolhidas pela garotada. Na ânsia de recolher a maior quantidade possível de moedas, muitos acabavam não se dando conta e queimando as próprias mãos com as moedas, quentes em demasia.

Esta era um tipo de “malhação” ou de “queima” de Judas, muito comum em locais mais distantes de áreas urbanas, onde persiste a malhação com bonecos.

Em São Paulo, Capital, na região do bairro Lava-Pés, a malhação de Judas quase sempre acaba descambando para a violência com pessoas feridas e muita confusão.

Testamentos

Na região de Mogi das Cruzes, foram famosos os chamados Testamentos de Judas, uma espécie de sátira aos moradores que era feita em forma de versos e colocadas sob as portas das casas dos moradores do distrito de Sabaúna, durante a madrugada do sábado. 
Geralmente, os “Testamentos”, espécie de crônica indiscreta de costumes,  traziam fofocas ou fatos inconfessáveis envolvendo personagens da comunidade. 

Há muito tempo, os “Testamentos” deixaram de ser feitos. 

Uma tentativa recente de revivê-los, décadas atrás, acabou indo parar na Polícia e nunca mais os versos apareceram sob as portas dos moradores. Um fato que ocorria sempre ao final da Semana Santa, quando a localidade ainda não dispunha de iluminação pública, o que tornava mais fácil a preservação da identidade dos responsáveis pelos tais “Testamentos”.

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