Ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ele é considerado alguém capaz de trafegar com facilidade em temas espinhosos
O ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro (Foto: reprodução)
E ainda ter acesso ao jornal digital flip e contar com outros benefícios, como o Clube Diário?
Ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ele é considerado alguém capaz de trafegar com facilidade em temas espinhosos
O ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro (Foto: reprodução)
Um político habilidoso. É assim que pessoas que conhecem José Múcio Monteiro, 74 anos, definem o escolhido pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, para comandar uma das áreas mais sensíveis do novo governo, o Ministério da Defesa. Anunciado por Lula nesta sexta-feira, Múcio é considerado alguém capaz de trafegar com facilidade em temas espinhosos, transita entre petistas, bolsonaristas e militares. Com experiência de uma vida dedicada à política, tem boa interlocução com partidos e conhece bem a máquina administrativa federal.
— Já tive o embaixador Veiga, o vice companheiro Zé Alencar, já tive o Waldir Pires, já tivemos o (Jaques) Wagner, o Celso Amorim, o Nelson Jobim, e agora temos o Zé Múcio. Tenho certeza que ele dará conta do recado. Tenho certeza de que as Forças Armadas irão cumprir aquilo que é a missão principal deles, cuidar da segurança desse país — afirmou Lula.
O presidente eleito também disse que Múcio vai conversar e escolher os comandantes das três Forças.
— Se chamei para ser ministro é porque confio. Eles vão ter liberdade de fazer as coisas até que provem o contrário. Tenho certeza que o Zé Múcio escolherá aqueles que devem ser os melhores comandantes para a Marinha, a Aeronáutica e o Exército. Os critérios serão os melhores — disse.
Na transição, a Defesa é a única área em que não foi formado um grupo de trabalho específico. A partir de agora, será liderada diretamente pelo futuro ministro. Esse setor é um dos mais sensíveis para o futuro governo, dado o alinhamento dos militares com o presidente Jair Bolsonaro.
Comando das Forças Armadas: Escolhidos por Múcio e Lula têm perfil discreto; saiba quem são
Relação com a caserna: 'Lula é um conciliador e não vai mexer em questões sensíveis para os militares', diz autor de livro
Múcio já conversou o atual ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e afirmou que se reunirá com os atuais comandantes das Forças Armadas na semana que vem. Na descrição de Múcio, a transição será "facílima":
— Vou falar com os atuais o comandantes na próxima semana. Tenho boa relação com eles todos. Tem uma transição facílima, quem está com quem vai. Como se fosse passagem de comando. Quanto mais pacífica mais fácil pra quem tá saindo e mais fácil pra quem tá chegando.
Ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Múcio assumiu seu primeiro cargo público em 1975, quando se tornou vice-prefeito de Rio Formoso (PE). Na época, era filiado à Arena, partido que dava sustentação à ditadura militar no país. Foi eleito cinco vezes deputado federal, a primeira em 1990, e passou 16 anos na Câmara. Era líder do PTB quando ocorreu o escândalo do mensalão, detonado pelo então presidente de seu partido, Roberto Jefferson, em 2005, no primeiro governo Lula. O esquema envolvia o pagamento de propina a parlamentares em troca de fidelidade ao governo nas votações do Congresso.
Jefferson o havia colocado em maus lençóis diante do Conselho de Ética da Câmara ao afirmar que a bancada do PTB tinha discutido e rejeitado a proposta de mesada feita pelo governo petista. Ao colegiado, Múcio negou ter recebido qualquer oferta de dinheiro e disse ter ouvido falar de “mensalão” pela primeira vez em 2004: “A partir de então os comentários começaram a reverberar com mais frequência”.
Na Câmara: Lula iniciará governo com bolsonarista no comando da bancada evangélica
Pernambucano como Lula, Múcio se tornou um dos parlamentares mais próximos ao então presidente da República. O estilo moderado e conciliador o credenciou para ocupar o posto de líder do governo na Câmara em 2007 e, na sequência, a assumir o cargo de ministro das Relações Institucionais, responsável por fazer a interlocução com o Congresso.
Na pasta, que tinha status de ministério, teve como principal atribuição reconstruir a base aliada do governo durante o segundo mandato do petista. Ele mantinha uma bandeira de seu estado na porta do gabinete e costumava oferecer bolo de rolo aos parlamentares: “É o prato típico desse ministério, porque aqui só tem rolo”, brincou, certa vez.
Amigo do presidente, ele passou ainda por siglas como PSDB e o extinto PFL. Em 2009, Múcio foi indicado por Lula para ocupar uma cadeira de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Corte da qual ele também foi presidente, de 2019 a 2020. Múcio antecipou o seu pedido de aposentadoria do TCU para atuar na iniciativa privada. Na semana passada, viajou a Recife para encerrar as suas atividades de consultoria para evitar eventuais conflitos de interesse ou impedimentos legais para a nomeação como ministro de Lula.
O atual presidente da República, Jair Bolsonaro, que foi deputado federal com Múcio, inclusive no mesmo partido, sinalizou em mais de uma ocasião que o ex-colega teria lugar em seu governo, caso quisesse se manter na máquina pública.
Múcio chegou a ser elogiado publicamente por Bolsonaro durante o 4º Fórum Nacional de Controle, em dezembro de 2020. Na ocasião, o presidente se referiu a Múcio como um amigo e afirmou que o agora ministro de Lula tem comportamento conciliador e que busca consensos. Reforçou que, se Múcio quisesse, seria bem-vindo no seu governo.
— Eu sou apaixonado por você, José Múcio. Gosto muito de Vossa Excelência — afirmou Bolsonaro à época, que lamentou a aposentadoria precoce do então ministro, e afirmou que o ex-colega de Câmara seria bem-vindo se quisesse trabalhar no governo.
Após ser confirmado por Lula no cargo, Múcio falou sobre sua relação com Bolsonaro:
— O presidente Jair Bolsonaro foi meu colega 20 anos. Converso sempre com ele. Quando ele perdeu as eleições eu fui lá cumprimentá-lo. Não há o menor problema. Democracia a gente tem que respeitar os contrários. Não precisa ser inimigo, pode ser adversário. Ele sabe em quem eu votei.
Com Múcio liderando as discussões das áreas a partir de agora, a tendência é que o presidente eleito designe para o comando das Forças os militares mais velhos de cada uma delas. Lula tem sido aconselhado a tomar essa decisão por ser um critério inquestionável para a caserna.
Nesse cenário, assumiria o Exército o general Julio Cesar Arruda, atual chefe do Departamento de Engenharia e Construção. A FAB ficaria sob o comando do tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, atual chefe do Estado-Maior da Aeronáutica. Já a Marinha seria chefiada pelo Almirante Renato Rodrigues de Aguiar Freire, atual Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA).
— Os nomes que estão sendo indicados ao presidente da forma mais tradicional possível da história das Forças Armadas. Não é injunção política. É a regra que a aeronáutica gosta, que marinha gosta e exército gosta — afirmou Múcio nesta sexta-feira.
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com isso. Para mais informações leia a nossa termos de uso e política de privacidade .