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NOVO GOVERNO

Gestão Tarcísio vê como 'preocupante' situação da Saúde herdada do PSDB

Integrantes do novo governo eleito relatam "caos" na gestão das filas de exames e consultas deixado pelo governo tucano

Agência O Globo
30/12/2022 às 18:28.
Atualizado em 30/12/2022 às 18:46

(Marcelo Camargo - Agência Brasil)

A equipe de transição do governo eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) avalia como "preocupantes" os números da Saúde deixados pela administração do governador Rodrigo Garcia (PSDB). Os dados levantados despertaram incômodo na nova gestão porque contrastam, segundo um de seus integrantes, com a ideia vendida pelos tucanos de que estariam "entregando uma Ferrari com tanque cheio" a Tarcísio.

No mês passado, o secretário-executivo da Secretaria de Saúde, Eduardo Ribeiro Adriano, afirmou a deputados paulistas, durante prestação de contas à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, que a demanda por cirurgias represadas por conta da pandemia havia sido reduzida em 80,6% no estado. A diminuição teria se dado após um mutirão promovido pela gestão Garcia.

A fila acumulada passou de 538 mil cirurgias em maio para 104 mil em outubro, segundo Adriano. Mas o número difere dos 204 mil procedimentos represados levantados pela equipe de Tarcísio, com tempo médio de espera de 352 dias.

O que levantou suspeitas sobre os dados divulgados pelos tucanos é que o número de autorizações de internações hospitalares (AIH) no Sistema Único de Saúde paulista no período do mutirão foi de menos de 50 mil, de acordo com a equipe de transição, bem abaixo da diferença de 400 mil entre maio e outubro.

Os dados mostram também 1,9 milhão de pessoas esperando em média 420 dias para realizar seus exames, e 2,6 milhões aguardando consultas, com tempo médio de espera de 414 dias.

Integrantes do novo governo relataram um "caos" na gestão das filas. A situação preocupa a nova gestão, que quer apresentar resultados positivos após os 100 primeiros dias de mandato.

Demanda reprimida

O represamento de cirurgias em razão da pandemia se tornou um problema nacional. O país tinha 11,6 milhões de procedimentos cirúrgicos acumulados em novembro, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass).

Para atender à demanda reprimida, será necessário fazer 75% a mais de cirurgias eletivas (hospitalares) em 2023 em relação à média histórica, e 105% a mais de procedimentos ambulatoriais, segundo a organização.

Entre as promessas inclusas no plano de governo de Tarcísio está a de reorganizar as filas de cirurgias em um sistema único, o que hoje não é feito.

Há também, de acordo com o novo governo, mais de 7 mil leitos desativados, sendo 1.176 da rede estadual, 1.600 em hospitais universitários e 4.256 leitos em hospitais filantrópicos. A avaliação é de que nesses leitos desativados as cirurgias eletivas que estão na fila de espera deveriam estar sendo realizadas.

Ao lado da meta de reduzir as filas de cirurgias no SUS, outro foco do médico Eleuses Paiva (PSD) e futuro secretário da Saúde do estado é de intensificar a vacinação no estado com uma ampla campanha.

Isso porque São Paulo, assim como o restante do país, vem registrando quedas constantes na cobertura vacinal há anos. Em 2015, por exemplo, 98,63% da população estava vacinada, segundo o DataSUS, acima dos 95% recomendados pelo Ministério da Saúde. Em 2019, a taxa havia caído para 74,5%, e em 2020, para 62,89%. O ano de 2022 registrou um índice ainda menor, de 61,33%.

Ainda assim, Tarcísio prometeu ao longo da campanha, em alguns de seus acenos aos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro — que boicotou a compra de vacinas na pandemia e debochou de sua eficácia —, retirar a obrigatoriedade das vacinas em crianças e em servidores públicos estaduais.

Em sua meta de retomar os elevados patamares de cobertura vacinal de anos atrás, Paiva terá de atuar na contramão de como o governo Bolsonaro, do qual Tarcísio fez parte, lidou com a questão da vacina. Nesta semana, a Polícia Federal encaminhou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes o resultado de uma investigação sobre o presidente, reiterando a acusação de que Bolsonaro cometeu o delito de incitação a crime sanitária por estimular as pessoas a não usarem máscaras. O inquérito foi aberto a pedido da CPI da Covid por causa de uma transmissão ao vivo na qual Bolsonaro fez uma associação falaciosa entre o uso da vacina contra o coronavírus ao vírus da Aids.

Procurado, o governo de São Paulo não se pronunciou até o fechamento da matéria.

Por meio de nota, a equipe de transição de Tarcísio afirmou ao Globo que "tem como objetivo melhorar a eficiência do sistema de saúde do estado de São Paulo a partir de um novo patamar de acesso, resolutividade e gestão, de forma sustentável. O mesmo vale para a situação das filas, com transparência e previsibilidade, a partir de uma gestão regionalizada e publicizada, sem descuidar do estado clínico do paciente".

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