Diário Logo

Notizia Logo

Ex-vereador havia denunciado suspeita de esquema no MEC

Um dirigente partidário do interior de São Paulo afirmou ser o autor de pelo menos uma das denúncias que chegaram à Controladoria-Geral da União (CGU) sobre o caso dos dois pastores acusados de cobrar propina a prefeitos para ajudá-los a destravar recursos do Ministério da Educação (MEC). Os religiosos são Arilton Moura e Gilmar Santos, […]

26 de março de 2022

Reportagem de: O Diário

Um dirigente partidário do interior de São Paulo afirmou ser o autor de pelo menos uma das denúncias que chegaram à Controladoria-Geral da União (CGU) sobre o caso dos dois pastores acusados de cobrar propina a prefeitos para ajudá-los a destravar recursos do Ministério da Educação (MEC). Os religiosos são Arilton Moura e Gilmar Santos, da Assembleia de Deus Ministério Cristo para Todos.

Ex-vereador e presidente do diretório municipal do Avante de Piracicaba (SP), José Edvaldo Brito, contou que foi chamado à CGU para prestar um depoimento após avisar o ministro da Educação, Milton Ribeiro, sobre o suposto esquema. 

— Eu comuniquei o que estava acontecendo. Já existia um procedimento, que o ministro havia recebido uma denúncia anônima. E eu levei a situação a ele, que já estava tomando as providências. Depois, fui convocado para depor — disse ele, sem fornecer detalhes sobre o que revelou às autoridades federais sob o argumento de que o procedimento corre em sigilo. 

Procurada, a CGU afirmou que não poderia dar nenhuma informação devido ao mesmo motivo.

Comerciante e radialista apoiador do governo Bolsonaro, Brito atuou como organizador de um encontro do MEC chamado de “Gabinete Itinerante”, realizado em Nova Odessa (SP), em 21 de agosto de 2021. O encontro contou com a presença de Milton Ribeiro, do presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Ponte, e de gestores de 72 municípios, entre prefeitos, secretários de educação, além de deputados e vereadores. Compareceram também os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, que tiveram assentos de destaque e discursaram durante a cerimônia.

Ao Globo, a CGU informou que recebeu as primeiras denúncias do Ministério da Educação no dia 27 de agosto — portanto, seis dias depois do evento no interior de São Paulo. A apuração viria a ser concluída no dia 3 de março deste ano e depois encaminhada à Polícia Federal, sob argumento de que não foram encontradas irregularidades cometidas pelo ministro. Nesse cenário, o caso teria de ser remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR). 

— Esse encontro está sendo patrocinado pela prefeitura de Nova Odessa para que eu possa levar os meus técnicos, o FNDE, para poder dar caminhos e soluções àqueles que querem adquirir, via governo federal, escolas, creches, ônibus escolares e tudo o mais — afirmou Milton Ribeiro em vídeo gravado à época. — Imagina que (antes) 500 prefeitos tinham que vir a Brasília, e nós vamos agora até eles — acrescentou o titular do MEC.

Autoridades que compareceram ao encontro do MEC estranharam a presença de pastores e as menções religiosas. 

— Sempre ficamos com um pé atrás, porque nós sabemos que o Estado é laico. Por mais que existam autoridades que defendem determinados segmentos, eu acho que o laicismo deve prevalecer — afirmou o vereador Antonio Teixeira (PSD), líder do governo na Câmara de Nova Odessa.

Veja Também