Em coletiva de imprensa, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, culpou o "medo da contaminação" e o trabalho da mídia
No primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 51% dos alunos inscritos não compareceram (Tânia Rego/Agência Brasil)
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Em coletiva de imprensa, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, culpou o "medo da contaminação" e o trabalho da mídia
No primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 51% dos alunos inscritos não compareceram (Tânia Rego/Agência Brasil)
Candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em pelo menos três Estados foram barrados na entrada das salas de aula ontem. Conforme o Estadão revelou, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) alocou nas classes um número superior à capacidade de 50%, que o próprio órgão havia prometido, contando que haveria alta abstenção. Apesar disso, houve classes cheias, segundo estudantes.
O número de faltosos nesta edição bateu recorde, de 51,5% - a distribuição das ausências, porém, não foi uniforme entre as salas, o que levou a classes mais cheias do que a ocupação de 50% prometida pelo Inep para que houvesse o distanciamento de dois metros entre os alunos. Segundo o presidente do instituto, Alexandre Lopes, alunos foram barrados em 11 locais.
Dezenas de estudantes que fariam o Enem na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram orientados a voltar para casa. Houve formação de filas e funcionários da Cesgranrio, fundação que organiza a aplicação, fizeram uma lista com os nomes de quem não pôde entrar com a promessa de que poderiam realizar o teste em fevereiro. Na terça, a UFSC havia comunicado o Inep e a Cesgranrio sobre o risco de lotação das salas e questionado o plano de aplicação das provas, com 80% de ocupação.
Segundo a universidade, a condição para ceder espaços previa limite máximo de 40% de ocupação das salas. "A responsável na portaria explicou que hoje (domingo) às 10h30, a capacidade máxima mudou para 50% por sala", contou o candidato que fez provas na UFSC Marlon Jacinto, de 23 anos. O aluno de Direito da UFSC, Gregory Fernandes, de 21 anos, relatou situação semelhante "Eles disseram que a minha sala já estava preenchida." A lotação das salas e os protocolos de segurança para conter a transmissão do coronavírus foram alvo de questionamentos na Justiça até a véspera do exame, mas as datas da prova acabaram mantidas. Aplicadores já haviam relatado ao Estadão, em condição de sigilo, que os planos previam classes com 80% da capacidade.
A superlotação das salas virou até caso de polícia em Santa Cruz do Sul, no interior do Rio Grande do Sul, onde cerca de 30 estudantes barrados registraram boletim de ocorrência sobre o problema. "Entrei em pânico, comecei a chorar. Quando saí na rua, tinha um monte de estudante chorando, apavorado. Eu também estava mal e ninguém estava entendendo nada do que estava acontecendo", contou Anna Carolina Lau, de 19 anos. "(Os aplicadores) falaram que até ontem (sábado) à noite estavam contando que seria 80% de ocupação e receberam ontem à noite do Inep (um comunicado de) que seria 50% de ocupação, por isso não conseguimos entrar. Me preparei para a prova, acordei 7 horas da manhã porque estava nervosa, e recebi a notícia de que meu ano inteiro até agora não está valendo para nada", desabafou.
Em Curitiba, a aluna Giuliani Carta, de 18 anos, só conseguiu entrar depois de acionar o pai, o advogado Osmar Carta, para resolver o problema. Um colaborador que estava acompanhando as provas conseguiu remanejar Giuliani para outra sala. "Infelizmente casos assim geram um nervosismo a mais."
Em outros casos, os estudantes não foram impedidos de entrar nas salas, mas fizeram provas em espaços cheios, sem possibilidade de distanciamento mínimo recomendado. Na porta da Escola Estadual Caetano de Campos, no centro da capital paulista, um cartaz indicava a recomendação de manter distanciamento de dois metros.
Mas isso não foi o que ocorreu na sala da estudante Ellen Rezende, de 19 anos. Os aplicadores colocaram nas classes número de carteiras abaixo do de inscritos para aquele local, de modo a garantir o distanciamento. Na maioria das salas da escola, o número de carteiras foi suficiente já que muitos alunos faltaram A classe de Ellen, porém, encheu. "Foram chegando mais alunos até que a sala encheu e tiveram de colocar mais carteiras. Tinha gente do meu lado, à frente e atrás. Foi um absurdo", disse a jovem, que deixou a prova antes das 17 horas.
Estavam previstos para a sala 33 estudantes - compareceram 25, além dos dois aplicadores. "Eu queria sair o mais rápido possível, não estava aguentando ficar na sala com muita gente." Segundo Ellen, não foi possível manter distância nem de um metro entre as carteiras.
Governo
O Inep disse ontem que não houve problemas sanitários em nenhum local de aplicação. Em coletiva de imprensa, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, culpou o "medo da contaminação" e o trabalho da mídia, "contrário ao Enem", para justificar a alta abstenção. Mais de 2,8 milhões de alunos faltaram. Sobre alunos barrados, ele disse que os casos serão verificados e a reaplicação, garantida. Afirmou aunda e considerar a edição, na pandemia, "um sucesso" apesar de mais de metade de ausentes. "Para aqueles alunos que puderam fazer a prova, foi um sucesso."
REAPLICAÇÃO DA PROVA
Com sintomas
Os candidatos do Enem que tiveram sintomas ou diagnóstico de covid-19 na véspera ou no primeiro dia de prova poderão solicitar a reaplicação da prova. Para isso, o candidato precisa acessar a página do participante e apresentar exames e laudos médicos que comprovem a doença.
Alunos barrados
O MEC diz que vai garantir a reaplicação de alunos barrados em locais de prova por causa de excesso de candidatos por sala.
Nova data
Alunos que pediram reaplicação por causa de diagnóstico de covid devem fazer a prova nos dias 23 e 24 de fevereiro. Até sábado, haviam sido deferidas 8.180 reaplicações por esse motivo.
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