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Após recuo de Leite, convenção tucana ainda pode barrar Doria

Diante das incertezas que pairam sobre o pacto para uma candidatura de terceira via, tucanos avaliam que a convenção do PSDB — ainda sem data marcada — deve reacender as divisões da sigla e colocar em xeque a homologação da candidatura presidencial do ex-governador de São Paulo João Doria. Lideranças ligadas à direção nacional veem […]

25 de abril de 2022

Reportagem de: O Diário

Diante das incertezas que pairam sobre o pacto para uma candidatura de terceira via, tucanos avaliam que a convenção do PSDB — ainda sem data marcada — deve reacender as divisões da sigla e colocar em xeque a homologação da candidatura presidencial do ex-governador de São Paulo João Doria. Lideranças ligadas à direção nacional veem risco de insistência de Doria e seu grupo político por uma candidatura própria, mesmo que os partidos de centro decidam por outro nome na corrida presidencial.

Mesmo após o recuo tático do ex-governador gaúcho Eduardo Leite, que, na última sexta-feira, anunciou apoio ao colega paulista, tucanos do alto escalão entendem que Doria ainda pode ser barrado na convenção. Uma eventual saída do PSDB da disputa presidencial representaria fato inédito na história da legenda, que, desde a sua fundação, sempre teve representante na disputa pelo Planalto. Em seis das oito disputas desde 1989, o PSDB foi protagonista, com duas vitórias e quatro segundos lugares.

As convenções, que ocorrerão nacionalmente entre 20 de julho e 5 de agosto, são a etapa na qual os partidos oficializam seus candidatos. No PSDB, o estatuto partidário prevê uma votação secreta, por maioria simples. O colégio eleitoral é composto por 177 membros da direção nacional (deputados federais, governadores e filiados) e por mais cerca de 400 delegados eleitos pelos diretórios estaduais. O peso mais elevado é para os estados que têm mais deputados e senadores no Congresso.

Pela regra, cada estado pode eleger o equivalente ao dobro de delegados do total de sua bancada. São acrescidos ainda a essa conta mais 10% dos delegados dos diretórios municipais de cada unidade da federação. Ou seja, os estados que têm mais representações partidárias nos municípios elegem mais delegados.

O formato tende a aumentar a influência de São Paulo na disputa e fortalecer Doria, já que o estado tem a maior bancada: sete deputados federais e dois senadores. Além disso, os paulistas também levam vantagem no número de diretórios organizados nas cidades, que é estimado em pelo menos 300. Para efeito de comparação, no Rio Grande do Sul são apenas dois deputados federais.

Para se cacifar, o paulista tem se valido do estatuto do PSDB, segundo o qual a convenção deve proclamar o candidato que venceu as prévias presidenciais — Doria derrotou Leite numa eleição interna acirrada em dezembro. A dúvida agora, porém, é se o PSDB paulista vai bancar a candidatura do ex-governador nos próximos meses, inclusive na convenção.

Nos bastidores, tucanos dizem que a corrida ao Palácio dos Bandeirantes deste ano é um caso raro, já que a prioridade dada à reeleição do governador Rodrigo Garcia em São Paulo, onde a sigla governa ininterruptamente há 26 anos, suplanta a nacional, vista com pessimismo diante do cenário de polarização entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro. Além disso, pesquisas mostram que a maior parte dos eleitores não votaria em Garcia como candidato associado a um eventual presidenciável Doria.  

A relação entre o ex-governador de São Paulo e o atual não é mais a mesma desde o fim de março, quando Doria ameaçou desistir de renunciar ao governo estadual e de concorrer ao Planalto. Sem estar no cargo, as chances de Garcia seriam bastante reduzidas. Doria recuou após ser enquadrado pelo seu grupo político. Não por acaso, Garcia tem descolado sua imagem do antecessor e inclusive tem citado em sua propaganda que foi secretário do ex-governador Geraldo Alckmin, hoje desafeto de Doria.

Nas últimas semanas, Doria trabalhou para debelar crises no PSDB. Ao mesmo tempo, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) desponta como favorita para encabeçar a candidatura única da terceira via. Ainda que a senadora também enfrente resistência interna no MDB de caciques pró-Lula, seu nome é visto por quem acompanha as negociações como o mais “viável”, uma vez que ela tem baixa rejeição. 

Pelo combinado inicial, a escolha do pré-candidato da terceira via seria no dia 18 de maio. Integrantes de partidos como MDB e União Brasil, no entanto, disseram que Doria tentava negociar um adiamento para o dia 31 de maio, o que o ex-governador nega. Doria aposta num impacto positivo sobre sua avaliação após o início da propaganda de partidária de rádio e TV do PSDB, a partir de 26 de abril.

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